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Em meio ao PL Antifacção, Derrite janta com Lira e Eduardo Cunha

Encontro reservado ocorreu em Brasília durante semana marcada por derrotas e impasses na tramitação do projeto

Guilherme Derrite (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

247 - Na noite de quarta-feira (12), um encontro reservado entre Guilherme Derrite, Arthur Lira e Eduardo Cunha movimentou o discreto restaurante Manuelzinho, em Brasília. O episódio foi revelado originalmente por Guilherme Amado, no PlatôBR, que registrou o jantar em meio a uma semana conturbada para Derrite, relator do PL Antifacção.

O Manuelzinho costuma reunir deputados, senadores, lobistas e empresários em conversas que se estendem para além do expediente no Congresso, o que ajuda a explicar a escolha do local para o encontro entre Derrite, Lira e Cunha.

A tensão em torno do PL Antifacção marcou a agenda de Derrite desde o início da semana. Na terça-feira (11), o secretário de Segurança Pública de São Paulo — atualmente licenciado para relatar o projeto — precisou rever uma posição anunciada anteriormente. O texto, que havia sido entregue por Hugo Motta para negociação com a direita, acabou ficando mais alinhado ao governo, deixando de fora praticamente todas as sugestões defendidas por parlamentares conservadores.

Na quarta-feira, o impasse se aprofundou. Sem acordo com PL e PT para votar o relatório desidratado, a bancada petista resistiu à apreciação do texto, enquanto governadores de direita também atuaram para adiar a votação. A movimentação representou a segunda derrota em 48 horas para Derrite, que vê no PL Antifacção um importante ativo político para sua provável candidatura ao Senado por São Paulo em 2026 e para os interesses do governador Tarcísio de Freitas, cotado para disputar o Planalto contra Lula na próxima eleição.

Uma eventual vitória seria celebrada pela direita como um raro avanço em meio a um cenário de dificuldades, marcado pela prisão de Jair Bolsonaro, pelo tarifaço atribuído a Eduardo Bolsonaro e pela fragmentação interna às vésperas do ano eleitoral.

O jantar começou pouco antes das 22h. Derrite, Lira e Cunha pediram duas garrafas do vinho português Vinha Grande, da Casa Ferreirinha, e bacalhau. Conversaram longamente sobre o PL Antifacção, mas não apenas sobre ele. O trio manteve o tom de voz baixo, dificultando que outros presentes captassem o conteúdo da conversa.

Por volta da meia-noite, seguranças que aguardavam do lado de fora foram avisados pelo maître de que os três já haviam acertado a conta e se preparavam para sair. 

Ao deixar o local, Derrite se despediu de Lira e Cunha com um aperto de mão. Questionado novamente sobre o que foi tratado à mesa e se contava com “a astuta consultoria” de ambos para tentar aprovar o PL Antifacção, o secretário limitou-se a afirmar: “Não vou falar nada”, antes de entrar no carro e deixar o restaurante.

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