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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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A Odylo o que é de Odylo

Octávio Costa, presidente da ABI, faz um pedido a Ruy Castro no “Cessar-fogo”

COSTA, FILHO, Odylo. Poesia completa. Edição preparada por Virgílio Costa. Rio de Janeiro: Aeroplano: Fundação Biblioteca Nacional, 2010 (via antoniomiranda.com.br)

Em entrevista ao programa “Cessar-fogo”, exibido sexta-feira, 24, na TV 247, o presidente da ABI, Octávio Costa, mencionou o “conflito de versões” acerca da reforma editorial e gráfica do Jornal do Brasil, nos anos 50. E contestou o verbete de Ruy Castro sobre Odylo Costa Filho num de seus livros.

“Eu fico um pouco triste porque há um conflito de versões ao meu ver sem nenhuma razão de ser. É que atribuem ao Jânio de Freitas a reforma do Jornal do Brasil. E eu digo a essas pessoas o seguinte. O Odylo era do Maranhão. Havia no Maranhão um jornalista chamado Dunshee de Abrantes. Pai da Maurina Dunshee de Abrantes, que se tornou Condessa Pereira Carneiro ao se casar com o conde Pereira Carneiro. Conde papal. Ele ganhou o título da Igreja, durante a gripe espanhola, ele tinha um estaleiro e ajudou muitas pessoas. Quando ele morreu, em 1956-57, a Condessa Pereira Carneiro herdou o Jornal do Brasil. O JB era conhecido como “o jornal das cozinheiras”. Anúncios classificados para contratar cozinheira, empregada. Numa reunião com outros donos de jornal, a Condessa Pereira Carneiro disse que o JB não seria mais o jornal das cozinheiras, que ia fazer uma reforma e para fazer a reforma foi procurar gente ligada ao pai dela. Do Maranhão. O Odylo já morava no Rio. Tinha trabalhado no Diário Carioca, com Pompeu de Souza. A Condessa, então, convida o Odylo para fazer a reforma do jornal. Ele contrata a equipe. Tinha o Jânio de Freitas. Tinha o Amílcar de Castro, que fez a reforma gráfica e outros… Carlos Lemos… Wilson Figueiredo… Jânio participou, não há dúvida, mas o que eu acho revoltante: o Ruy Castro escreveu um livro chamado ‘Ela é carioca’, em que ele faz verbetes de pessoas do Rio de Janeiro. No do Odylo, ele diz: ‘corre uma versão de que ele reformou o Jornal do Brasil. Não é verdade. Ele não passou de um publicitário’. Não passou de um publicitário! Tá lá no verbete. Sobre o meu tio! Pelo amor de Deus! Odylo foi jornalista a vida inteira! Com 16 anos ele fazia jornal em São Luís”!

“E foi um poeta reconhecido”, acrescentei.

“Ele perdeu um filho em Santa Teresa. Em 1973. Assassinado. Era o primogênito dele. Odylo Costa Neto. Assassinado por dois garotos. Ele estava com a namorada, eles saltaram do carro, perto da casa dele, ele morava em Santa Teresa, na Rua Áurea, e ele reagiu. Na hora em que ele reagiu o garoto deu um tiro na barriga dele. E aquilo abalou demais o Odylo! Imagina, perder o filho nessas circunstâncias. Ele fazia sonetos de muita qualidade, segundo os especialistas. E foi eleito para a ABI. Mas foi jornalista a vida inteira! Eu te confesso, eu nem queria falar com o Ruy Castro sobre isso, mas o correto seria o Ruy Castro fazer uma revisão do verbete, porque dizer que o Odylo é publicitário é brincadeira!”

Novos trechos da entrevista de Octávio Costa ao programa “Cessar-fogo” serão publicados nas próximas horas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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