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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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"Canalhas, canalhas, canalhas"

Hugo Motta é apenas mais um canalha, colocado na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados, um canalha que não reúne mais condições de presidir a Casa

Hugo Motta - 09/12/2025 (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A frase "Canalhas! Canalhas! Canalhas!" foi dita por Tancredo Neves durante o golpe de 1964, ele usou a expressão contra o Senador Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência em 1964, durante o golpe militar.

O Senador Auro, de maneira mentirosa e vil, declarou vaga a presidência da república, alegando que Joao Goulart havia deixado o país, quando na verdade ele estava voando do Rio Grande do Sul para Brasília.

Mais recentemente a frase foi dita pelo então senador Lindbergh Farias (PT-RJ) em 2016, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, para protestar contra o que ele via como uma injustiça política e um atentado à democracia, usando a fala de Tancredo para condenar os que apoiavam o afastamento da presidenta.

Escrevo esse artigo para dizer para o presidente Hugo Motta que ele agiu como um canalha, além de quebrar a ética e o decoro, além de tratar situações muito parecidas de forma distinta (me refiro à ocupação da mesa pela extrema-direita por 48 horas, cuja solução foi pacientemente negociada, e a decisão de mandar agredir deputados e deputadas ontem).

A atitude do Presidente da Câmara do Deputados ao chamar a Policia Legislativa para retirar à força o deputado Glauber Braga da mesa diretora - que, por sua vez, não tinha nada que criar todo aquele caso -, mandar desligar o sinal da TV Câmara e expulsar jornalistas do Plenário da Câmara, também merecem ser qualificadas como canalhices de um jovem deputado que, mesmo sem vivência necessária, ocupa a presidência da casa que já foi presidida por Ulisses Guimarães.

Não vou discutir nesse momento o mérito, ou demérito, da tal Lei da Dosimetria, pois, o Presidente da Câmara dos Deputados tem o poder de definir a pauta de votações, presidir as sessões, desempatar votações, distribuir projetos em comissões, gerenciar a administração da casa, convocar o congresso em conjunto, promulgar emendas, além de ter um papel crucial na análise de impeachments, sendo o segundo na linha de sucessão do Presidente da República, mas Hugo Motta é, a meu juízo, o pior e mais negativo presidente da câmara desde Eduardo Cunha e, também, com a devida vênia, creio que ele não reúne mais condições éticas de presidir a casa; ele deveria renunciar e novas eleições serem convocadas para, de forma consensual, ser colocado um adulto sentado na presidência.

O presidente Hugo Motta claramente descumpriu o artigo 5º do Código de Ética e Decoro Parlamentar, pois, atenta contra o decoro parlamentar: “III – praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara dos Deputados ou desacatar, por atos ou palavras, outro parlamentar, a Mesa ou Comissão ou os respectivos Presidentes;”, bem como “IV – usar os poderes e prerrogativas do cargo para constranger ou aliciar servidor, colega ou qualquer pessoa sobre a qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter qualquer espécie de favorecimento;”, e, salvo melhor juízo, o presidente praticou essas duas faltas, pelo menos essas duas, além de passar boa parte da sessão de ontem debochando daqueles que se indignaram com suas atitudes.Além de haver dado de ombros a vários dispositivos constitucionais, o jovem presidente Hugo Motta também descumpriu o artigo 5º da Lei 12.527/2001, que prevê se “...dever de o Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.”, a face autoritária e simpática ao golpista que não nos serve foi revelada.

Hugo Motta é apenas mais um canalha, colocado na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados, um canalha que não reúne mais condições de presidir a Casa.

Essas são as reflexões que compartilho.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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