Marcia Carmo avatar

Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

133 artigos

HOME > blog

Chile: direita caminha para ganhar no segundo turno e governar o país

Kast, do Partido Republicano, recebeu logo depois o apoio declarado dos outros dois candidatos de direita e extrema-direita, Evelyn Matthei e Johannes Kaiser

José Antonio Kast (Foto: Reuters)

Por Marcia Carmo, enviada especial a Santiago – No seu discurso após o resultado do primeiro turno, o presidenciável da direita, José Antonio Kast, criticou fortemente sua adversária política, Jeannette Jara, de esquerda ou centro-esquerda. Jara e Kast vão disputar o segundo turno no dia 14 de dezembro. Mas o cenário é mais favorável para ele e mais complicado para ela, já que a soma dos votos nos três candidatos da direita, neste primeiro turno, foi muito superior à votação recebida por Jara. As pesquisas – que desta vez acertaram – indicavam que Jara teria cerca de 30% ou 33% da votação. Mas, com quase 93% da apuração, ela conta com 26,76% e Kast com 24,05% dos votos – um resultado mais apertado do que o esperado.

Já quase no fim da noite deste domingo, Kast, do Partido Republicano, fez fortes críticas contra Jara e recebeu logo depois o apoio declarado dos outros dois candidatos de direita e extrema-direita, Evelyn Matthei e Johannes Kaiser, que ficaram fora da corrida eleitoral. Somados os votos de Matthei (12,59%) e de Kaiser (13,94%), mais os do próprio Kast, a oposição ao atual governo e a Jara teria uma votação suficiente para assumir a cadeira presidencial no Palácio La Moneda. Ou seja, se o eleitor confirmar o cálculo matemático, com os votos dos agora ex-presidenciáveis Matthei e Kaiser indo para Kast, como é esperado, o Chile passará a ter um presidente de direita a partir de março do ano que vem.

“Se Jara ganhar, o Partido Comunista e a desordem estarão ganhando com ela”, disse Kast, sob aplausos de seus eleitores, nesta noite de domingo. Kast ratificou a sua linha de pensamento, apontando mão dura contra a criminalidade, elogiando as Forças Armadas e as polícias, condenando o tráfico de drogas e dizendo que Boric fez um “péssimo” governo. Pai de nove filhos, deputado várias vezes, ele defendeu o “sim” à continuidade de Pinochet no plebiscito de 1988, fez questão de tirar uma foto com o ex-presidente Bolsonaro em 2018, e espera assumir a cadeira presidencial nesta terceira tentativa como presidenciável. Se ele vencer, a América do Sul estaria confirmando mais uma guinada à direita – depois da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Equador.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Artigos Relacionados