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Sara York

Sara Wagner York (também conhecida como Sara Wagner Pimenta Gonçalves Júnior) é bacharel em Jornalismo, doutora em Educação, licenciada em Letras – Inglês, Pedagogia e Letras Vernáculas. É especialista em Educação, Gênero e Sexualidade, autora do primeiro trabalho acadêmico sobre cotas para pessoas trans no Brasil, desenvolvido em seu mestrado. Pai e avó, é reconhecida como a primeira mulher trans a ancorar no jornalismo brasileiro, pela TV 247

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Curitiba homenageia Izildinha Baptista Nogueira, referência na psicanálise e pesquisadora do racismo estrutural

Seu trabalho se tornou essencial para quem busca compreender como a colonialidade se inscreve nas relações sociais, no desejo e no próprio corpo

Izildinha Baptista Nogueira (Foto: Divulgação)

Curitiba — cidade marcada por fortes movimentos conservadores nos últimos anos — entrega um título honorífico a Izildinha Baptista Nogueira, uma das vozes mais importantes da psicanálise brasileira.

Nogueira construiu uma carreira sólida no campo da Psicologia e da Psicanálise, sempre conectando teoria e compromisso social. É:

• Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP;

• Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP;

• Formada em psicanálise nos Ateliers de Psychanalyse de Paris, sob orientação de Radmila Zygouris, uma das fundadoras da instituição;

• Professora do Instituto Sedes Sapientiae;

• Finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, categoria Ciências, pelo livro A cor do inconsciente: significações do corpo negro;

• Psicanalista e pesquisadora com produção de destaque na interface entre racismo, corpo e subjetividade.

Autora de uma das reflexões mais potentes sobre o impacto do racismo no inconsciente e na construção da imagem corporal de pessoas negras, Izildinha Nogueira recebe hoje, em Curitiba, um reconhecimento que ultrapassa fronteiras acadêmicas. Seu trabalho se tornou essencial para quem busca compreender como a colonialidade se inscreve nas relações sociais, no desejo e no próprio corpo. Em sua fala Isildinha diz:

Izildinha Nogueira, em A Cor do Inconsciente (2021), mostra como o racismo não é apenas uma questão social, mas também psíquica: ele se inscreve no corpo negro, que passa a ser vivido como marca de diferença e exclusão. Inspirada em Freud, Lacan, Dolto e Sami-Ali, ela analisa como o olhar social atravessado pela brancura estrutura o desenvolvimento psíquico de crianças negras, gerando identificações frágeis e uma constante tensão entre aceitação e rejeição de si. Ao revelar o racismo como sobreposição inconsciente, Nogueira expõe que sua superação exige não só mudanças sociais, mas uma profunda transformação das fantasias e desejos que moldam nossa subjetividade.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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