Curitiba homenageia Izildinha Baptista Nogueira, referência na psicanálise e pesquisadora do racismo estrutural
Seu trabalho se tornou essencial para quem busca compreender como a colonialidade se inscreve nas relações sociais, no desejo e no próprio corpo
Curitiba — cidade marcada por fortes movimentos conservadores nos últimos anos — entrega um título honorífico a Izildinha Baptista Nogueira, uma das vozes mais importantes da psicanálise brasileira.
Nogueira construiu uma carreira sólida no campo da Psicologia e da Psicanálise, sempre conectando teoria e compromisso social. É:
• Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP;
• Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP;
• Formada em psicanálise nos Ateliers de Psychanalyse de Paris, sob orientação de Radmila Zygouris, uma das fundadoras da instituição;
• Professora do Instituto Sedes Sapientiae;
• Finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, categoria Ciências, pelo livro A cor do inconsciente: significações do corpo negro;
• Psicanalista e pesquisadora com produção de destaque na interface entre racismo, corpo e subjetividade.
Autora de uma das reflexões mais potentes sobre o impacto do racismo no inconsciente e na construção da imagem corporal de pessoas negras, Izildinha Nogueira recebe hoje, em Curitiba, um reconhecimento que ultrapassa fronteiras acadêmicas. Seu trabalho se tornou essencial para quem busca compreender como a colonialidade se inscreve nas relações sociais, no desejo e no próprio corpo. Em sua fala Isildinha diz:
Izildinha Nogueira, em A Cor do Inconsciente (2021), mostra como o racismo não é apenas uma questão social, mas também psíquica: ele se inscreve no corpo negro, que passa a ser vivido como marca de diferença e exclusão. Inspirada em Freud, Lacan, Dolto e Sami-Ali, ela analisa como o olhar social atravessado pela brancura estrutura o desenvolvimento psíquico de crianças negras, gerando identificações frágeis e uma constante tensão entre aceitação e rejeição de si. Ao revelar o racismo como sobreposição inconsciente, Nogueira expõe que sua superação exige não só mudanças sociais, mas uma profunda transformação das fantasias e desejos que moldam nossa subjetividade.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




