É grave, é muito grave acusar um ministro do Supremo de atos imorais
Os jornalistas devem ao Brasil elementos mais convincentes
As acusações que os jornais O Globo e O Estado de São Paulo estão fazendo contra o ministro Alexandre de Moraes são graves, muito graves. Acusar o ministro de pedir favores e atuar em favor de um banco junto ao presidente da mais alta autoridade monetária do país, o presidente do Banco Central, fere um dos fundamentos da República, que é a ação isenta e imparcial da Suprema Corte.
Imaginar que um ministro do STF seja capaz de procurar favorecer um banco no exercício de suas elevadas atribuições e imaginar que o presidente do Banco Central seja capaz de ouvir tais coisas só nos resta desacreditar do bom funcionamento das instituições.
Ambos, o ministro e o presidente do Banco Central, negaram peremptoriamente que tal conversa tenha existido. Menos mal. Isso nos deixa mais tranquilos. Porque acreditamos que um ministro do STF jamais venha a mentir em nota oficial diante da Nação e que o presidente do Banco Central venha a faltar à verdade com seus concidadãos, diante de sua grave responsabilidade de maior autoridade monetária do país.
De outro lado, sabemos que o ministro Moraes vem enfrentando duros embates com diversas áreas da Nação. Imaginar que ele seria capaz de cometer ato quase infantil de se expor aos lados que vem enfrentando, ao praticar atos de favorecimento a banco, é vê-lo como absolutamente incapaz de exercer os mínimos deveres de suas atribuições.
Os jornalistas têm pouco aduzido aos fatos que nos convençam da verossimilhança das acusações, apesar de tão graves. Pensemos nas grandes figuras do STF, como Pedro Lessa, Orozimbo Nonato, Nelson Hungria, Vítor Nunes Leal, Evandro Lins e Silva e tantos outros, para vermos que um ministro pode errar, pois é humano, mas aceitar que sejam capazes de atos tão indignos para a vida da República exige elementos bem convincentes e verazes.
A imprensa é livre para noticiar, mas já é da consciência geral que se requer que respeite a honra alheia, ainda mais quando se trata da honra da própria República.
Outra coisa são os graves erros que se cometem amplamente hoje em dia, ao se ver esposas, filhos e parentes aboletados em escritórios de advocacia que atuam nos tribunais, o que fere duramente a essência moral do exercício da magistratura. A vida dos magistrados de nível superior já é cercada de elevados padrões, nada justificando a ganância por mais e elevados ganhos. Já que nos lembramos de figuras antigas, isso jamais aconteceu no passado, quando se praticava a República de maneira mais digna.
O exercício de elevadas funções públicas impõe a prática de atitudes de postura e compostura igualmente elevadas.
Os jornalistas devem ao Brasil elementos mais convincentes.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




