Frouxo por natureza, ditador por ocasião
O povo precisa retirar Hugo Motta da cadeira da presidência da Câmara com a mesma força ordenada por ele contra Glauber Braga
"Está achando ruim essa composição do Congresso? Então espera a próxima: será pior. E pior, e pior...". Quando Ulysses Guimarães através desta frase vaticinou que o nível do Congresso Nacional ficaria muito pior a cada legislatura, não imaginávamos que a piora seria tão intensa e degradante. Tão degradante ao ponto de vermos um presidente da Câmara dos Deputados ordenar que a Polícia Legislativa, responsável pela segurança da casa, retire um parlamentar do plenário sob agressões e deliberada truculência. Pior do que isso, foi a ordem dada por esse mesmo presidente para que a transmissão da TV Câmara fosse cortada, e a imprensa proibida de registrar a cena mais constrangedora já vista numa casa legislativa.
Não apenas o deputado Glauber Braga foi agredido, mas também as deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, duas mulheres parlamentares que sofreram com a violência de homens da Polícia da Câmara, dias depois de um levante de mulheres em todo o Brasil contra a violência de gênero. Outros deputados de esquerda também apanharam da Polícia de Hugo Motta, e sentiram na pele o peso da parcialidade daquele que atualmente preside a casa. O mesmo Hugo Motta que ao ver o plenário da mesma Câmara ser ocupado por bolsonaristas, e a sua cadeira usurpada por um deputado da referida organização político-criminosa, limitou-se a agir com a frouxidão que ao seu caráter lhe é inerente.
E quando um frouxo por essência e por excelência decide agir como um ditador, ele coloca os pés pelas mãos sobre os outros. E assim foi feito pelo aspone de Arthur Lira que senta na cadeira da presidência da Câmara. A pretexto de manter a ordem, Hugo Motta instaurou um regime de exceção parlamentar contra deputados de esquerda. A maciez e a doçura exibidas com a gangue bolsonarista que lhe enfiou o dedo na cara e em outras partes tão obscuras quanto o seu projeto político, deu lugar a uma macheza irreconhecível e inexplicável. A nota lida por Motta evidencia o descaramento de sua postura diante dos fatos lamentáveis que o Brasil inteiro acompanhou com perplexidade. Falar que sua atitude tinha o objetivo de combater o “extremismo” de Glauber Braga, que apenas estava exercendo o seu mandato no seu local de trabalho.
Hugo Motta não quis combater o extremismo dos bolsonaristas que obstruíram os trabalhos da casa por 48 horas, sem que a Polícia Legislativa interviesse com truculência para retirá-los do plenário. Para tornar o momento ainda mais constrangedor, na mesma sessão em que Hugo Motta leu a sua nota autoritária em defesa da ordem na Câmara, ao seu lado estava sentado Zé Trovão, o deputado bolsonarista que colocou a perna a sua frente para impedi-lo de chegar a sua cadeira de presidente durante a ocupação do plenário pela extrema-direita. A censura ao trabalho da imprensa para que ela não registrasse o absurdo de suas ordens contra um parlamentar no exercício do seu mandato, além de lembrar os “bons tempos” da ditadura militar, deixou evidente que a intenção de Motta era de exorbitar sua competência como presidente da Câmara, ordenando o espancamento, se necessário, de parlamentares contrários à sua agenda de salvação para os golpistas criminosos do 08 de janeiro.
Se Hugo Motta tem o seu DOPS, nós temos a força popular. E tal força, manifestada nas ruas, é a única “força policial” capaz de retirá-lo da cadeira da presidência da Câmara. E, se necessário, com a mesma força imposta contra o deputado Glauber Braga, e as deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá. Hugo Motta não reúne mais condições de permanecer na Câmara dos Deputados, nem como presidente da casa, nem como parlamentar, nem como porteiro do prédio. Em qualquer país sério do mundo, um deputado que ordene uma agressão contra seus pares deve responder judicialmente por isso. Deputados agredidos já anunciaram que entrarão com uma queixa crime contra ele, e esperamos que ele responda pela vergonha a qual submeteu o parlamento, e pelo crime de agressão cometido contra colegas parlamentares.
E o povo deve sair às ruas contra Hugo Motta tendo como bandeira uma frase dita por ele na vergonhosa nota que ele leu na Câmara: “O extremismo testa a democracia todos os dias, e todos os dias a democracia precisa ser defendida” Motta e os bolsonaristas, pautando a anistia para extremistas que tentaram dar um golpe na democracia, precisam ser combatidos, interrompidos e defenestrados do parlamento brasileiro. A democracia precisa ser defendida todos os dias dessa corja golpista que testa a paciência do povo brasileiro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




