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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Governador deve ser afastado

Para Cláudio Castro, 119 mortos são sinônimo de “sucesso”

Rio de Janeiro (RJ) - 24/10/2024 - O governador do Rio, Cláudio Castro, fala à imprensa após a morte de três pessoas baleadas na Avenida Brasil, próximo do Complexo de Israel, onde acontecia uma operação da Polícia Militar, na Zona Norte (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Ao dizer que a operação que matou 119 "suspeitos" foi um sucesso, o governador Cláudio Castro cometeu um sincericídio. Confessou que a intenção da operação era mesmo matar. Executar. Atirar primeiro, interrogar depois. Tal como faziam os esquadrões da morte no tempo da ditadura, sendo os mais notórios o de São Paulo e o do Rio.

Se a intenção era apavorar outros bandidos - se continuarem no crime vão para o cemitério - o efeito é nulo. Todos os bandidos sabem o risco que correm todos os dias. Para eles, é melhor correr esse risco do que não ter o que comer. Eles não têm outra perspectiva de fonte de renda senão essa. Morrer faz parte da rotina.

O governador matou a ralé do Comando Vermelho. Matou os pés de chinelo que entregam as mercadorias aos consumidores. Isso não afeta em nada a quadrilha. Amanhã haverá outros cem no lugar deles.

O Esquadrão da Morte de São Paulo, comandado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury e integrado por seus homens de confiança, como Fininho, foi criado sob as bênçãos do governador Abreu Sodré, em 1968, e foi desmantelado pelo promotor de Justiça Hélio Bicudo, em plena ditadura.

Se nem na ditadura se admitia execuções a esmo, em massa, clandestinas, ao arrepio da lei, mesmo de bandidos, na democracia essa política sanguinária tem que ser repudiada e o governador impedido de continuar no cargo.

Além de não proteger a população, que é o primeiro dever do estado, ele colocou a população em risco. Toda a população, inclusive os turistas.

É inaceitável que se lhe dê outra oportunidade de matar novos “suspeitos”. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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