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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Hollywood dá câncer

Filmes ensinaram a fumar e mataram (e matam) milhões

Uma carteira de cigarro e Hollywood (Foto: Reuters I Reprodução (YT))

EU: Quando os personagens passaram a fumar nos filmes de Hollywood?

GROK: Os filmes de Hollywood começaram a retratar personagens fumando de forma mais frequente e proeminente a partir do final da década de 1920, coincidindo com a transição do cinema mudo para os filmes falados – o primeiro longa-metragem com som sincronizado, "The Jazz Singer", foi lançado em 1927. Antes disso, no cinema mudo (como nos trabalhos de Charlie Chaplin, que raramente ou nunca mostravam fumo), o tabagismo não era um elemento comum, possivelmente devido ao foco em expressões visuais e pantomima, sem a necessidade de diálogos ou acessórios que facilitassem cenas mais "conversacionais" ou dramáticas. O pico de representações de fumo ocorreu nas décadas de 1930 e 1940, quando cerca de dois terços dos filmes adultos de maior bilheteria incluíam cenas de tabagismo constante, muitas vezes como símbolo de sofisticação, rebeldia ou tensão emocional. Nas décadas seguintes, como nos anos 1960 e 1970, o fumo ainda aparecia em cerca de 30% dos filmes americanos, mas começou a declinar gradualmente, especialmente após pressões de grupos antitabagismo e mudanças nas classificações etárias a partir de 2007.

EU: Isso aconteceu por decisão dos roteiristas ou foi impulsionado pela indústria de cigarros?

GROK: Quanto à influência da indústria de cigarros, sim, há evidências claras de que isso foi impulsionado por investimentos diretos das empresas de tabaco, e não apenas uma escolha criativa isolada dos roteiristas. A partir de 1927, companhias como a American Tobacco Company firmaram acordos com estúdios de Hollywood para endossos de celebridades e product placement, pagando atores para fumar marcas específicas na tela e em campanhas publicitárias – por exemplo, em 1937-1938, a American Tobacco gastou o equivalente a milhões de dólares atuais em pagamentos a estrelas para promover Lucky Strike. Esses arranjos incluíam cláusulas contratuais que garantiam a presença de cigarros em cenas, e os laços financeiros entre a indústria do tabaco e Hollywood remontam aos primórdios do cinema sonoro, com documentos internos das empresas revelando estratégias deliberadas para normalizar o fumo como parte da cultura pop. Embora roteiristas e diretores pudessem incorporar o fumo por razões artísticas (como em filmes noir, onde o cigarro simbolizava mistério), a maioria das representações excessivas foi incentivada por sponsorships e pagamentos ocultos, que só foram proibidos por lei em 1998 nos EUA.

EU: Há estatísticas mostrando se a partir do tabagismo nos filmes aumentou o número de americanos morrendo de câncer?

GROK: Sim, há evidências e estatísticas de estudos científicos que ligam as representações de tabagismo em filmes de Hollywood a um aumento no consumo de cigarro, especialmente entre jovens, o que indiretamente contribuiu para o crescimento das mortes por câncer nos Estados Unidos – principalmente câncer de pulmão, que é causado pelo fumo em cerca de 80-90% dos casos. No entanto, é importante notar que o tabagismo nos filmes é um fator entre vários (como campanhas publicitárias da indústria do tabaco, influências culturais e eventos históricos como as guerras mundiais), e as conexões são baseadas em correlações fortes e evidências causais de estudos longitudinais, mas não isolam o cinema como a única causa. Vou explicar com base em dados históricos e projeções.

O consumo de cigarro per capita nos EUA começou a subir no início do século 20, coincidindo com a era em que Hollywood passou a promover o fumo em filmes (a partir do final dos anos 1920, como discutimos anteriormente). Aqui vai um resumo cronológico baseado em dados do American Cancer Society e do CDC:

●  1900-1930: O consumo de cigarro era baixo (cerca de 40-500 cigarros per capita por ano para adultos). Mortes por câncer de pulmão eram raras (taxa de mortalidade ajustada por idade: ~5 por 100.000 para homens, <1 para mulheres). Isso reflete a era do cinema mudo, onde o fumo era menos retratado.●  1930-1960: Pico de representações de fumo em filmes (anos 1930-1940, com até 2/3 dos filmes de maior bilheteria mostrando tabagismo constante). O consumo de cigarro explodiu, alcançando um pico de ~4.000 cigarros per capita por ano nos anos 1960 para homens (e nos anos 1980 para mulheres, devido a campanhas direcionadas). Taxas de fumo adultas subiram para 42,6% em 1965. Mortes por câncer de pulmão começaram a aumentar com um lag de 20-30 anos: para homens, de ~10 por 100.000 em 1940 para ~80 em 1990; para mulheres, de ~5 em 1960 para ~40 em 2000, um aumento de mais de 500% entre 1960-1990.●  1960-2020: Após o relatório do Surgeon General de 1964 ligando fumo a câncer, as taxas de fumo caíram gradualmente (para 11,6% em 2022, uma redução de 73% desde 1965). Mortes por câncer de pulmão seguiram: pico nos anos 1990 para homens (90 por 100.000) e 2000s para mulheres (40 por 100.000), então declínio para ~30-35 por 100.000 em 2020. No total, entre 2000-2021, a incidência de câncer caiu 5,7%, mas a mortalidade por câncer de pulmão diminuiu 27,5% devido a menos fumantes e melhores tratamentos.

Essas tendências mostram um claro paralelo: o aumento no fumo (e consequentemente no câncer) ocorreu durante o auge das representações em Hollywood, mas o declínio veio com regulamentações e conscientização pública.

Estudos do National Cancer Institute (NCI) e do CDC estabelecem uma ligação causal entre exposição a fumo em filmes e iniciação ao tabagismo em jovens, o que leva a uso vitalício e mortes prematuras por câncer. Aqui vão estatísticas chave:

●  O relatório do NCI de 2008 conclui que fumar em filmes causa iniciação ao fumo em jovens, afetando percepções de aceitabilidade social. Estudos longitudinais mostram que adolescentes expostos a mais cenas de fumo (ex.: >150 incidentes em filmes) são 2,5 vezes mais propensos a experimentar cigarro, ajustado por outros fatores.●  Uma meta-análise de 2020 encontrou que, para cada 500 "impressões de tabaco" (cenas de fumo) vistas em filmes, as chances de iniciação ao fumo em adolescentes aumentam 39%.●  O CDC estima que a exposição ao fumo na tela é responsável por recrutar 37% de todos os novos fumantes jovens (90% dos fumantes começam na adolescência). Projeção: Mais de 6 milhões de crianças nos EUA serão recrutadas para fumar devido a isso, resultando em 2 milhões de mortes prematuras por câncer induzido por tabaco, doenças cardíacas, pulmonares ou derrame. Políticas como classificar filmes com fumo como R-rated poderiam evitar 1 milhão dessas mortes.●  Projeções totais: De 2015-2065, mesmo com declínios, espera-se 4,4 milhões de mortes por câncer de pulmão nos EUA, com ~20 milhões de adultos ainda fumando – parte atribuível a influências midiáticas históricas como filmes.

Em resumo, sim, há estatísticas robustas mostrando que o tabagismo promovido em filmes contribuiu para o aumento histórico no fumo e, por extensão, nas mortes por câncer, com estimativas quantificando milhões de vidas afetadas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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