Lua, cimento e cola
Nem só de cimento e cola vive a China
Outubro é tempo de celebrações na China. Logo no primeiro dia do mês o país comemora a fundação da República Popular que há 76 anos anunciou o nascimento da Nova China, a partir de então território e povo declarados livres do imperialismo e de toda forma de colonialismo. Nesses poucos anos, a China empreendeu apurado desenvolvimento técnico-científico-social que surpreende o Ocidente, sobretudo pelas grandes obras de infraestrutura, como a ponte mais alta do mundo que reduz de duas horas para não mais de dois minutos o tempo de viagem entre cidades da província de Guizhou, integrando essa parte do sudoeste chinês ao sistema nacional rodoviário. Mas os investimentos vão além.
Na área da saúde, os pesquisadores da Universidade de Zhejiang criaram a cola óssea que corrige fraturas sem necessidade de cirurgia e aposenta as próteses tradicionais. A cola foi inspirada na viscosidade natural das ostras que permite ao molusco grudar em rochas, pedras e demais superfícies concretas com aderência segura. Em apenas 3 minutos a Bone-2, como está sendo chamada, fixa as rachaduras depois de injetada.
Testes clínicos foram aplicados em mais de 150 pacientes e certificaram a eficiência da cola que também é absorvida pelo próprio organismo não precisando, portanto, ser removida do local em que foi aplicada. As pesquisas sobre restauração de ossos vêm sendo realizadas há alguns anos em centros médicos de diversos países. A China saiu na frente e agora busca o registro da descoberta. Mais uma patente a se somar à cerca das 43 milhões que levam a marca das suas engenhosidades criativas sempre dispostas a servir ao bem-estar comum.
Nem só de cimento e cola vive a China. Nesse mesmo outubro, o grandioso evento é a lua, o Festival da Lua, acontecimento ancestral que para o país para que famílias e amigos se reúnam para apreciar o brilho da lua mais cheia do mês e agradecer o fim da colheita do outono que vai garantir as provisões durante o rigoroso inverno. Junto ao clarão do luar, o céu da China se enche de lanternas coloridas e na terra os comensais se fartam com o doce bolinho da Lua.
Este ano, uma nota triste. Tanto na Terra como no Céu. Faleceu Kongjian Yu, o arquiteto que realizou a harmoniosa convivência entre humanos e natureza. Não é improvável que se encontrem as folhas amarelas do outono vestidas de branco, a cor do luto na China.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




