Reimont Otoni avatar

Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara

103 artigos

HOME > blog

Prisão de Bolsonaro dá voz aos mortos da Covid e da ditadura

“É como tirar um peso de décadas dos nossos ombros”, diz Reimont

Ex-presidente Jair Bolsonaro em sua casa em Brasília onde cumpre prisão domiciliar - 03/09/2025 (Foto: REUTERS/Diego Herculano)

Jair Bolsonaro está preso preventivamente pelos crimes de atentado contra a democracia, tentativa de golpe e correlatos. Violou as normas da prisão domiciliar, tentou romper a tornozeleira eletrônica, mentiu ao alegar surto paranóico. Praticou e pratica golpe em cima de golpe, dos maiores e mais torpes aos pequenos golpes cotidianos para burlar a Justiça. Por isso, o STF confirmou a prisão preventiva de onde só sairá para começar a cumprir os 27 anos e três meses da pena por atuar contra o Estado Democrático de Direito, provavelmente em um presídio.

A prisão de Bolsonaro está relacionada à tentativa de golpe de estado, Mas, o que vejo nas ruas e nas redes, é também a catarse de sobreviventes e de familiares de vítimas da ditadura de 1964, é a catarse de sobreviventes e de familiares dos 700 mil mortos da covid-19. Não é vingança, mas o alívio por uma Justiça começando a se manifestar. 

Ninguém encarnou e encarna tão à perfeição os porões da ditadura e a exaltação à tortura como Bolsonaro. Nenhum aplicou, nos atos do governo, a psicopatia dos algozes como ele. Em cada momento que debochou, ironizou e desprezou as vítimas da covid, na recusa em adquirir vacinas, Bolsonaro expressou a mente doentia de criminosos como Brilhante Ustra, Freddie Perdigão Pereira, Sergio Fleury e tantos outros da lista de 232 torturadores identificados pela Comissão da Verdade.  

O hoje preso e inelegível Jair usou a tortura como método de gestão do país, em total desprezo pela vida humana. Ele é um psicopata, não um psicótico. Para justificar o crime de tentar romper a tornozeleira eletrônica, que o levou à prisão preventiva, alega confusão mental e alucinações típicas de um surto paranóico. Mente mais uma vez, debocha.

A tornozeleira foi queimada, com precisão e firmeza, em todos os lados, meticulosamente. O procedimento já é extremamente difícil para uma pessoa em estado de equilíbrio, porque exige manobras demoradas e quase impossíveis para um homem de 70 anos, sedentário, com adiposidade no abdômen. Além disso, o equipamento de solda produz calor extremo, não dá para suportar sem uma proteção adequada. 

Agora, imaginem para uma pessoa em surto paranóico, que os especialistas chamam de DESORGANIZADA. A pessoa tem medo, treme, grita, quebra coisas, fica fora de controle, as pernas e mãos se agitam. Como iria realizar os movimentos sem se queimar uma única vez, sem o mais leve ferimento?

Bolsonaro estava consciente e duvido que estivesse só. Como esteve consciente e ao lado de cúmplices e financiadores de todos os seus atos na Presidência da República.

A maioria dos crimes dessa horda fascista ainda espera processo, como é o caso da omissão e dos atos genocidas na epidemia da covid-19. Mas o primeiro passo está dado. 

A extrema direita e o centrão já avisam que irão novamente pautar a anistia para os conspiradores, com o único e firme propósito de livrar Jair Bolsonaro da Justiça. Precisamos de todas as forças para impedir. Vamos pras ruas e redes!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Artigos Relacionados