Apoiadores na Paulista colocam Eduardo Bolsonaro à frente de Michelle na disputa pela Presidência, diz pesquisa da USP
Levantamento feito durante ato esvaziado neste domingo (29) revela empate técnico entre Eduardo e Tarcísio de Freitas
247 - Em ato esvaziado convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista neste domingo (29), um novo cenário sobre sua sucessão política começou a se delinear. Pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Político, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que, entre os apoiadores presentes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) superou, pela primeira vez, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como possível nome para disputar a Presidência em 2026. As informações são do jornal O Globo.
Segundo os dados, caso Bolsonaro esteja impedido de concorrer, 30% dos entrevistados indicam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como favorito. Eduardo aparece logo atrás, com 28%, enquanto Michelle cai para 14%. Com a margem de erro de quatro pontos percentuais, Tarcísio e Eduardo estão tecnicamente empatados — o que aponta para uma divisão no núcleo bolsonarista e sinaliza a força crescente do filho do ex-presidente junto à base mais mobilizada do movimento.
O levantamento foi feito com 591 participantes, entre 13h30 e 17h, durante a manifestação na Avenida Paulista. A pesquisa é coordenada pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, em parceria com a ONG More in Common e o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
O ato, que teve como mote “Justiça Já”, reuniu 12,4 mil pessoas no momento de maior concentração, às 15h40 — número bem abaixo do registrado em manifestações anteriores. Em abril, o mesmo monitoramento estimou 44,9 mil participantes no local. A maior mobilização pró-Bolsonaro medida até hoje ocorreu em fevereiro de 2023, quando 185 mil apoiadores ocuparam a Paulista.
Apesar da queda de público, o conteúdo das falas e respostas captadas pela pesquisa indicam que uma parcela considerável da base segue defendendo teses golpistas. Segundo o levantamento, 55% dos presentes consideram “muito adequada” a decretação de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após as eleições de 2022 — medida considerada inconstitucional por juristas. Apenas 15% a consideraram “pouco adequada”. Para 57%, essa ação seria “completamente constitucional”; apenas 4% discordam frontalmente.
A percepção de radicalismo, no entanto, não é unânime entre os apoiadores. Uma das declarações recentes de Jair Bolsonaro, ao ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes no STF, também foi tema do questionário. O ex-presidente afirmou que os que pediram intervenção militar ao final de seu governo eram "malucos". A frase foi endossada por 43% dos entrevistados, que disseram concordar totalmente com ele; outros 19% disseram concordar em parte.



