Assessores ligados ao PL movimentaram R$ 27 milhões, diz PF
Relatório aponta valores incompatíveis com rendimentos e cita uso de servidores comissionados e empresa privada em possível esquema com cotas parlamentares
247 - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (19) uma operação que revelou movimentações financeiras consideradas atípicas e de grande volume envolvendo assessores ligados a parlamentares do PL. De acordo com documentos encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF), os valores sob análise somam cerca de R$ 27 milhões e teriam origem não identificada, o que levantou suspeitas de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
A decisão assinada pelo ministro Flávio Dino, do STF, detalha as conclusões preliminares da Polícia Federal no âmbito da Operação Galho Fraco, que investiga o uso irregular de cotas parlamentares por deputados federais e servidores comissionados.
Entre os casos destacados no relatório está o de Adailton Oliveira Santos, assessor ligado ao PL, que movimentou mais de R$ 11 milhões entre 2023 e 2024. Outro nome citado é Itamar de Souza Santana, assessor do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que teria movimentado quase R$ 6 milhões no mesmo período. A investigação também aponta transações relevantes realizadas por Florenice de Souza Santana, com cerca de R$ 4 milhões, e por Andrea de Figueiredo Desiderati, que aparece com quase R$ 6 milhões em movimentações financeiras.
Segundo o documento do STF, “todos os valores são de origem não identificada”, o que reforçou a suspeita de incompatibilidade entre os montantes movimentados e os rendimentos lícitos declarados pelos investigados. A Polícia Federal ressalta que a ligação direta entre os assessores e os deputados federais é um dos elementos centrais da apuração.
O relatório também recupera trechos da investigação que indicam que os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) teriam desviado recursos da cota parlamentar em benefício próprio. De acordo com a apuração, o esquema teria contado com o auxílio de servidores comissionados no exercício de suas funções e com a utilização da empresa Harue Locação de Veículos Ltda. ME para viabilizar os supostos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
As autoridades analisaram ainda 14 comunicações de operações financeiras consideradas suspeitas, registradas entre 2 de fevereiro de 2018 e 21 de junho de 2020. A Polícia Federal aponta que os principais remetentes e destinatários dos recursos investigados eram servidores comissionados da Câmara dos Deputados, fator que contribuiu para o aprofundamento das apurações.
Além das movimentações bancárias, os investigadores examinaram conversas extraídas de aplicativos de mensagens, que podem ajudar a esclarecer a dinâmica do suposto esquema. A Operação Galho Fraco tem como objetivo aprofundar a investigação sobre o desvio de recursos públicos oriundos das cotas parlamentares, verba mensal destinada a custear despesas do mandato, como passagens aéreas, hospedagem, alimentação, manutenção de escritório e contratação de serviços.
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro. A cota parlamentar, vale lembrar, é paga com recursos públicos e é adicional ao salário dos parlamentares, o que reforça a gravidade das suspeitas apuradas pela Polícia Federal.



