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Defesa de Daniel Vorcaro diz que investigação se baseia em “fato inexistente” e nega fraude bilionária

Advogados afirmam que carteiras suspeitas jamais ficaram com o BRB e que Banco Master agiu de boa-fé nas operações

Daniel Vorcaro (Foto: Divulgação (Banco Master))

247 - A defesa do banqueiro Daniel Vorcaro, sócio do Banco Master, divulgou uma nota nesta sexta-feira (20) contestando  as acusações que embasam a Operação Compliance Zero, da Polícia Federal. A investigação apura supostas fraudes na venda de carteiras de crédito ao Banco de Brasília (BRB), operação que, segundo a PF, poderia envolver até R$ 17 bilhões. 

A prisão preventiva de Vorcaro foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região na noite de quinta-feira (19), conforme decisão noticiada pela imprensa — conteúdo ao qual esta matéria credita o contexto utilizado.Na decisão que manteve a prisão, a desembargadora Solange Salgado afirmou que o esquema investigado teria “estrutura estável” e capacidade de causar prejuízo ao sistema financeiro. Vorcaro foi detido na segunda-feira (17) no Aeroporto de Guarulhos, quando embarcava em um avião particular, o que, segundo a PF, reforçaria risco de fuga.

Defesa nega fraude e diz que BRB não ficou com carteiras investigadas
Na nota, os advogados afirmam que as medidas judiciais e a investigação da PF estão fundamentadas na premissa de que o Banco Master teria vendido ao BRB carteiras de crédito fraudulentas. A defesa, no entanto, sustenta que:1. As carteiras em questão foram adquiridas previamente pelo Banco Master de terceiros responsáveis pela originação dos créditos — prática descrita como comum no mercado financeiro.2. Esses originadores eram os responsáveis por averbar as operações, fornecer documentação e regularizar eventuais pendências no prazo contratual de até 180 dias.3. Mesmo antes da conclusão dessa etapa documental, o Master podia ceder as carteiras ao BRB, amparado por garantias contratuais e mecanismos de substituição ou recompra em caso de irregularidades.

A defesa afirma que, ao identificar operações com documentação fora do padrão, o banco substituiu as carteiras cedidas por outras do próprio conglomerado Master e iniciou processo de recompra do saldo remanescente. Por isso, segundo os advogados, o BRB “não ficou com os créditos originados por terceiros”.

Citações a BRB e Banco Central
A nota menciona que o próprio BRB declarou que, dos R$ 12,76 bilhões inicialmente divulgados pela imprensa como exposição bruta, mais de R$ 10 bilhões foram liquidados ou substituídos, e que o restante “não constitui exposição direta ao Banco Master”.

A defesa também afirma que documentos enviados pelo Banco Central à PF registram que o BRB já havia substituído 85,5% das carteiras adquiridas de terceiros, o equivalente a R$ 10,6 bilhões. E acrescenta que, segundo o BC, nunca foram identificados indícios de irregularidades nas operações originadas diretamente pelo Banco Master.Os advogados argumentam ainda que, se houvesse materialidade nas acusações, o Banco Central teria instaurado processo punitivo contra a instituição ou contra Vorcaro — o que, segundo a defesa, não ocorreu.

“Não há nenhuma fraude de 12 bilhões de reais”
A defesa afirma que o fundamento das investigações contra Vorcaro é “um fato inexistente” e que “não há nenhuma fraude de 12 bilhões de reais”.O texto também sustenta que as medidas cautelares impostas pela Justiça foram “injustas e desnecessárias” e provocaram, como efeito colateral, a liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central — justamente quando, segundo a defesa, a venda da instituição já estava acertada e documentada.

Próximos passos
Após a deflagração da operação, o BRB anunciou que contratará uma auditoria externa para apurar o caso e investigar eventuais falhas de governança. Até o momento, a PF não se pronunciou sobre os argumentos apresentados pela defesa.Vorcaro permanece preso preventivamente, enquanto as investigações seguem sob sigilo.

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