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Desmatamento na Amazônia e no Cerrado cai mais de 11% em 2025

Relatório do Inpe confirma terceira queda consecutiva na Amazônia e segunda no Cerrado, com reforço da fiscalização e novas políticas ambientais

Vista de um braço do Rio Caeté em área de manguezal na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu monitorada pelo projeto Mangues da Amazônia.  (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

247 - A área desmatada na Amazônia caiu 11,08% entre agosto de 2024 e julho de 2025, totalizando 5.796 km², segundo dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O relatório, publicado no site oficial do governo federal, mostra que esta é a terceira menor taxa desde 1988 e o terceiro ano consecutivo de redução durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o levantamento do sistema Prodes, o Cerrado também apresentou redução expressiva de 11,49%, com 7.235 km² desmatados no mesmo período. Os números foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Inpe, e representam uma das maiores quedas conjuntas da história recente nos dois principais biomas do país.

Avanços ambientais e compromisso até 2030

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que os resultados refletem a prioridade da agenda ambiental dentro do governo.

“A redução do desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo e no Cerrado pelo segundo ciclo seguido confirma que a agenda ambiental é prioritária e transversal no governo do presidente Lula”, destacou.

Ela ressaltou que as medidas implementadas fazem parte da estratégia nacional para zerar o desmatamento até 2030, conforme compromisso firmado pelo Brasil em fóruns internacionais de clima. Entre as ações, estão os novos Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento para todos os biomas e a retomada da Comissão Interministerial de Controle do Desmatamento e Queimadas, que envolve 19 ministérios.

Reforço na fiscalização e queda nas emissões

A redução do desmatamento também implicou forte impacto positivo nas emissões de gases de efeito estufa. O governo estima que, desde 2022, cerca de 733,9 milhões de toneladas de CO₂ equivalente deixaram de ser lançadas na atmosfera — volume comparável às emissões anuais combinadas da Espanha e da França.

De acordo com o relatório, o Ibama aumentou a aplicação de autos de infração relacionados à flora em 81% e de multas em 63% na Amazônia entre 2023 e 2025, em comparação ao período 2020–2022. Já no Cerrado, as multas cresceram 130% e os embargos, 38%.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou:

“Trabalhamos arduamente com ações de comando e controle para manter a curva de queda do desmatamento. Estamos usando a mais alta tecnologia disponível para enfrentar os crimes ambientais.”

Monitoramento e políticas baseadas em evidências

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou a relevância do monitoramento por satélite e da base científica das políticas públicas.

“Estes resultados não são obra do acaso. A excelência do Inpe e o monitoramento de precisão que realizamos são o alicerce que nos permite enxergar a realidade do nosso território e fornecer subsídios às ações do Ministério do Meio Ambiente”, afirmou.

O sistema Prodes, responsável pelas medições anuais, utiliza imagens de satélites para calcular a taxa de desmatamento. Já o Deter emite alertas diários que auxiliam operações de campo de órgãos como Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ações integradas e presença em campo

O presidente do ICMBio, Mauro Pires, também atribuiu os resultados à presença mais intensa de equipes em áreas sensíveis.

“Isso só foi possível graças a novos investimentos, à formação de fiscais especializados e a um plano de ação estratégico. Estamos fortalecendo a proteção das áreas e removendo com rigor quem invade e grila terras federais”, afirmou.

Entre agosto de 2024 e julho de 2025, o ICMBio realizou 312 ações de fiscalização na Amazônia, com 1.301 autos de infração e 816 embargos em unidades de conservação federais.

Impacto regional e o programa União com Municípios

Nos municípios incluídos no programa União com Municípios (UcM), considerados prioritários para o combate ao desmatamento, a redução foi de 65,5% no mesmo período. O secretário de Controle do Desmatamento do MMA, André Lima, destacou o impacto da cooperação federativa:

“A queda na taxa de desmatamento nos municípios prioritários é 31% maior do que o índice registrado em toda a Amazônia.”

Entre os estados da Amazônia Legal, os maiores avanços ocorreram no Tocantins (62,5%), Amapá (48,15%) e Acre (27,62%). Apenas o Mato Grosso registrou aumento, de 25,06%.

Fundo Amazônia e novos investimentos

A recuperação do Fundo Amazônia, que voltou a financiar projetos de conservação, foi central no resultado. Entre 2023 e 2025, os investimentos totalizaram R$ 3,64 bilhões, com ampliação do número de doadores de dois para oito países, incluindo Noruega, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Suíça, Irlanda e Japão.

Também foram aprovados R$ 850 milhões para fortalecer a fiscalização ambiental e R$ 785 milhões destinados ao programa UcM, que reúne 81 municípios amazônicos.

Perspectivas e desafios

Com o avanço registrado, o Brasil reforça sua posição de liderança no combate ao desmatamento e no cumprimento das metas climáticas globais. O governo aposta na combinação de tecnologia, fiscalização rigorosa e cooperação internacional para manter a trajetória de queda até 2030.

Como destacou Marina Silva,

“Combater o desmatamento e proteger o meio ambiente são condições essenciais para que o Brasil alcance o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e gere prosperidade para sua população.”

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