"É ter um serviço público com a cara do Brasil", diz Esther Dweck sobre o 'Enem dos Concursos'
Ministra destaca presença feminina, inclusão regional e segurança jurídica no calendário do concurso nacional unificado
247 - A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou que o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), conhecido como “Enem dos Concursos”, representa uma mudança estrutural na forma de acesso ao serviço público federal, ao ampliar a diversidade, fortalecer a inclusão regional e garantir previsibilidade jurídica ao calendário das seleções. Segundo ela, o modelo consolida uma política pública voltada a aproximar o Estado da realidade social brasileira. A declaração foi feita durante participação no programa Bom Dia, Ministra, exibido nesta terça-feira (16).
Durante a entrevista, Esther Dweck ressaltou que as duas edições do CPNU tiveram impacto direto na representatividade dentro do funcionalismo público. “A gente está muito feliz com a realização do primeiro e agora, o segundo também foi muito importante em termos de representatividade: mais participação feminina. A gente espera que o resultado seja também nesse sentido de trazer para dentro do serviço público todos os brasileiros, todas as brasileiras. Não foi só um concurso. É uma política pública para ter um serviço público com a cara do Brasil”, afirmou a ministra.
Maioria feminina avança no CPNU 2
A segunda edição do CPNU teve sua prova objetiva aplicada em 7 de dezembro. Um dos principais destaques foi o predomínio feminino entre os candidatos classificados para a etapa discursiva. As mulheres representaram 57,12% dos aprovados para a segunda fase, enquanto os homens corresponderam a 42,86% do total. O resultado reforçou os efeitos das ações afirmativas de equidade de gênero adotadas no certame.
Para a ministra, o dado confirma uma mudança relevante no perfil dos futuros servidores federais, alinhada a uma visão mais democrática do Estado e à ampliação do acesso às carreiras públicas.
Calendário planejado para o período eleitoral
Esther Dweck também esclareceu dúvidas relacionadas ao impacto do período eleitoral sobre o andamento do CPNU 2. Segundo ela, o cronograma foi estruturado de forma a evitar entraves legais. “A grande maioria das vagas do CPNU 2 não tem curso de formação. Então, depois da terceira chamada, a gente já pode homologar o resultado. Aquelas vagas que têm curso de formação obrigatório são carreiras cujo curso de formação é curto, um mês mais ou menos”, explicou.
De acordo com a ministra, a legislação eleitoral impede apenas a contratação de candidatos cujos concursos ainda não tenham sido homologados após o início do chamado defeso eleitoral. Por isso, o planejamento prevê a homologação do resultado final até março ou início de abril.
Cursos de formação e posse dos aprovados
Ao comentar o andamento da primeira edição do CPNU, Dweck destacou que o mesmo cuidado jurídico foi adotado. “Para aqueles cargos que não têm curso de formação, já está homologado. Para aqueles que têm curso de formação, o curso começa em janeiro. A expectativa é que termine em torno de abril e que também dê tempo de homologarem em torno de maio e as pessoas possam tomar posse depois, sem nenhum problema”, afirmou.
Os cursos de formação, segundo a ministra, são curtos e não comprometem o calendário de nomeações, garantindo segurança tanto para o governo quanto para os candidatos aprovados.
ENAP como guardiã do modelo
Outro ponto destacado foi a preservação do conhecimento institucional do CPNU. De acordo com Esther Dweck, a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) terá papel central na manutenção do modelo nos próximos anos. “A ENAP precisa ser a memória do CPNU, porque quem estiver num próximo governo, já vai ter tudo registrado numa autarquia nossa muito importante, muito sólida, que vai poder fazer de novo”, declarou.
A ministra acrescentou que o sucesso da iniciativa pode gerar uma demanda social pela continuidade do concurso unificado. “A nossa expectativa, diante da aceitação da população e do sucesso do concurso, é que tenha uma exigência da própria sociedade para que se continue e a ENAP vai estar pronta para continuar fazendo o concurso”, completou.
Perfil diverso dos aprovados na primeira edição
Considerado o maior concurso público da história do país, o CPNU 1 apresentou um perfil plural entre os aprovados. Do total, 24,5% são pessoas negras, 2,29% indígenas e 6,79% pessoas com deficiência. Os novos servidores são oriundos das 27 unidades da Federação e de 908 municípios.
As inscrições abrangeram candidatos de 5.555 cidades brasileiras, e 37% dos aprovados residem no interior do país. “Nessa nova chamada do CPNU 1, em que a gente chamou quase 4 mil, teve pessoas de mais 191 municípios. Com a nova chamada, agora a gente está chegando a praticamente 1,2 mil municípios com candidatos e candidatas sendo chamados”, destacou Dweck.
Segundo a ministra, há ainda um aspecto simbólico relevante: “É interessante que, desses 1,2 mil, a gente tem uns 520 municípios, mais ou menos, que só tem uma pessoa que passou e representa aquele município. Do ponto de vista das cotas, a gente teve 33% dos aprovados”.
