Empresa fantasma ligada a deputado teria movimentado R$ 170 milhões, aponta PF
Relatório da PF indica que firma em nome da esposa do deputado federal Vicentinho Júnior funcionou como conta de passagem para repasses suspeitos
247 - Uma empresa registrada em nome da esposa do deputado federal Vicentinho Júnior (PP-TO) é apontada pela Polícia Federal (PF) como responsável por movimentar cerca de R$ 170 milhões ao longo de pouco mais de seis anos, apesar de não apresentar atividade econômica compatível com esse volume financeiro. O caso integra uma investigação que apura suspeitas de repasses irregulares e possível ocultação do real beneficiário dos recursos, informa Natália Portinari, do UOL.
A PF realizou diligências no endereço da empresa e ouviu moradores da região. Vizinhos relataram aos investigadores que se lembravam apenas vagamente de que no local teria funcionado, há dois ou três anos, uma distribuidora de bebidas, sem qualquer movimentação recente que indicasse operações de grande porte.
Segundo a apuração, o deputado Vicentinho afirmou que a empresa era uma distribuidora pertencente a seu sogro, falecido em abril do ano passado. No entanto, conforme o relatório policial, os pagamentos realizados pela empresa BRA Teles à firma continuaram mesmo após a morte do suposto proprietário, o que levantou suspeitas entre os investigadores.
A análise financeira feita pela PF indica que, entre janeiro de 2019 e abril de 2025, a empresa recebeu R$ 85 milhões em créditos e registrou o mesmo valor em débitos. Com isso, o total movimentado chegou a R$ 170 milhões no período. Para a Polícia Federal, a firma teria funcionado como uma “conta de passagem”, sem retenção de recursos, em nome de Gillaynny, esposa do parlamentar.
No caso específico dos pagamentos feitos pela BRA Teles e de outros repasses identificados envolvendo a família Parente, a PF sustenta que o verdadeiro destinatário dos valores seria o próprio deputado. Essa conclusão aparece de forma explícita em trecho do relatório policial, que afirma: “É possível afirmar, com elevado grau de certeza, que os valores descritos à planilha de controle de pagamento de propina, relacionados ao codinome ‘VIC’, teriam sido, de fato, canalizados a VICENTE ALVES DE OLIVEIRA JUNIOR (Vicentinho), por meio da GMD Borba Distribuidora Eireli, registrada em nome da cônjuge do deputado federal".
Além das conclusões financeiras, a Polícia Federal solicitou à Justiça o bloqueio de R$ 420 mil em bens atribuídos a Vicentinho e à sua esposa. O pedido, no entanto, foi negado pelo ministro Nunes Marques, que entendeu não haver, até o momento, elementos suficientes para justificar a medida cautelar no âmbito da investigação.



