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Flórida vira novo front de disputa entre bancos digitais brasileiros

Estado atrai Nubank e Inter em corrida por clientes latinos e americanos

Sede do Nubank, em São Paulo (SP) 19/06/2018 REUTERS/Paulo Whitaker (Foto: Paulo Whitaker)

247 - A Flórida consolida-se como o epicentro da disputa entre bancos digitais que operam na América Latina, segundo reportagem publicada pelo Valor Econômico. A matéria original indica que o Estado, que abriga mais de 16 milhões de imigrantes latino-americanos, se tornou alvo estratégico para Nubank, Revolut e Inter, todos em busca de ampliar presença nos Estados Unidos e capturar um mercado ainda sem um grande player dominante.

O  ambiente competitivo é impulsionado pela percepção de que há espaço para novos entrantes, especialmente diante de concorrentes locais que oferecem serviços menos completos que os vistos no Brasil. Entre os principais nomes americanos estão Chime, SoFi e Cash App, que atuam com propostas mais segmentadas.

Inter amplia base, investe em marketing urbano e reforça estratégia global

O Inter foi o primeiro banco digital brasileiro a desembarcar na Flórida, após comprar a fintech americana Usend em 2021. Hoje, soma 300 mil clientes no país e presença em 45 Estados, com expectativa de cobrir 100% da porção continental dos EUA. Além disso, contabiliza 4,7 milhões de usuários de sua conta global, muitos frequentadores assíduos do território americano.

Para ganhar visibilidade, o banco aposta em ações de rua e marketing urbano: espalhou quase 300 bicicletas pelas ruas de Miami, abriu seu segundo café na cidade e firmou parcerias para oferecer benefícios aos clientes.

“Nossa tese é oferecer um app financeiro global a partir dos EUA. Temos um modelo ‘asset light’, operamos através de parcerias, nos tornando a perna global de parceiros locais”, afirma Cássio Segura, responsável pela operação do Inter nos Estados Unidos.

O banco trabalha com quatro públicos principais — viajantes, investidores, trabalhadores globais que recebem em dólar e pequenas e médias empresas — e já atende clientes de 15 nacionalidades. Em janeiro, a instituição inicia operação na Argentina, atualmente em fase piloto. Segundo Segura, “temos um custo de servir bem mais baixo que a média de mercado e aproveitamos sinergias com a nossa plataforma já instalada no Brasil”.

O Inter lançou recentemente um aplicativo em espanhol e tornou-se a marca bancária brasileira mais pesquisada nos EUA, conforme dados do Google Trends.

Nubank avança na licença bancária e mira mercado de alta escala

O Nubank anunciou há meses o início do processo para obter licença bancária nos EUA. Uma das fundadoras, Cristina Junqueira, mudou-se para Miami para acompanhar de perto a tramitação, e há relatos de que o banco negocia dar nome ao Chase Stadium, casa do Inter Miami, de Lionel Messi — numa disputa simbólica com o Inter, que patrocina o Orlando City.

David Vélez, fundador e CEO global, afirmou na divulgação do terceiro trimestre que o trâmite regulatório “não deve ser concluído antes de 2026”. Ele destacou que a instituição ainda define qual será seu foco de atuação no país, considerando perfil de cliente, portfólio e segmentação.

O executivo ressaltou o peso econômico regional: “Três Estados americanos — Flórida, Texas e Califórnia — têm, cada um, um PIB maior ou igual ao do Brasil. Se conseguirmos ter uma boa penetração mesmo em alguns segmentos ou regiões dos EUA, isso pode ser uma boa ‘curva S’ de crescimento”. Para ele, o potencial americano supera o de mercados onde o banco já está presente, como a Colômbia.

Revolut arma expansão agressiva e promete “batalha de titãs”

O britânico Revolut, que acelera expansão pela América Latina, mira também os Estados Unidos e reservou ao menos US$ 500 milhões para entrar no país. A fintech já compete com o Nubank no Brasil e avança para México e Colômbia.

No México, seu CEO, Juan Guerra, descreveu a futura disputa direta com o Nubank: “Vai ser sangrento, intenso e maravilhoso, e vai ser divertido de acompanhar. Milhões de pessoas vão se beneficiar. Nós nos inspiramos neles e eles se inspiram na gente também”.

Com a Flórida no centro da estratégia de todos os concorrentes, o cenário aponta para embates ainda mais acirrados.

Inter diz que novas entradas fortalecem o mercado

Para o Inter, a chegada de rivais é vista como oportunidade de expansão do setor. “Nós já competimos com eles no Brasil, vamos competir na Argentina e nos EUA. Acho que vai muito da proposta de valor adequada, qualidade de produto e capacidade de investimento”, afirma Segura.

Kaio Philipe, diretor de expansão e marketing do banco, reforça o papel pioneiro da instituição: “Quando colocamos nosso nome em um estádio de futebol, não estamos pensando apenas nos nossos 300 mil clientes nos EUA. É uma questão de branding, de criar um posicionamento global, além de ser um benefício para todos os usuários que visitam a cidade”.

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