FUP cobra protagonismo dos trabalhadores na transição energética
Na COP30, FUP defende que políticas do setor sejam conduzidas pelo Estado e construídas com participação direta dos petroleiros
247 - A defesa de uma transição energética que garanta empregos qualificados e respeite os direitos trabalhistas marcou a participação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) na COP30, realizada em Belém (PA). O tema, central para o futuro da indústria de petróleo e gás, mobilizou lideranças sindicais que insistem na necessidade de incluir os trabalhadores nas decisões estratégicas.
No evento, realizado na noite da última quinta-feira (13), a FUP apresentou suas propostas para o processo, conforme divulgado originalmente pela entidade. As sugestões reforçam que a transição deve ser coordenada pelo Estado, com liderança da Petrobrás e foco em desenvolvimento soberano, popular e sustentável.
Entre as principais diretrizes defendidas está a criação de um plano estratégico nacional, construído conjuntamente com os trabalhadores, com garantia de formação profissional, manutenção e geração de empregos de qualidade, ampliação de investimentos em tecnologias de baixo carbono e fortalecimento de economias regionais.
Durante o painel “A ação sindical no Sul Global por uma transição energética justa e popular”, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, ressaltou a relevância dos direitos trabalhistas no processo. “É importante uma transição energética que fortaleça a negociação coletiva, o respeito aos direitos dos trabalhadores, afastando ameaças de precarização do trabalho, e que garanta o desenvolvimento sustentável”, afirmou. O debate contou também com a presença do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
Bacelar destacou ainda que a crise climática abre espaço para um novo ciclo de desenvolvimento industrial no país, baseado em avanços tecnológicos e na proteção ambiental. “Para construir uma alternativa ao modelo ineficiente da economia de mercado é preciso garantir que a transição energética seja socialmente justa, economicamente viável e eficaz para atingir as metas climáticas”, declarou. Ele lembrou que o Brasil, embora seja o quinto maior emissor global, pode se tornar o primeiro país do G20 a alcançar a neutralidade de carbono, graças ao papel estratégico da Petrobrás e da PBio. “O Estado deve liderar a elaboração e governança de um plano integrado de democratização energética”, acrescentou.
A diretora do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e representante da FUP nas discussões da COP, Bárbara Bezerra, reforçou a importância de adaptar o processo às realidades brasileiras, rejeitando modelos importados.
Durante o evento, foi lançado o Observatório de Óleo e Gás – Soberania Energética e Transição Justa no Brasil, criado pelo Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), em parceria com a FUP e o Instituto Clima e Sociedade (ICS). A plataforma reúne indicadores para monitoramento do setor, oferecendo subsídios técnicos para pesquisas e debates sobre a transição energética no país.
A importância da Margem Equatorial
No tema da exploração da Margem Equatorial, a FUP reiterou que a região é estratégica para garantir segurança energética e reduzir a dependência de derivados importados, especialmente no Norte e Nordeste. Segundo dados da ANP, 815 poços foram perfurados na área entre 1970 e 2024.
Bacelar defendeu a adoção do modelo de partilha na região e reforçou a necessidade de proteger as comunidades locais. Ele lembrou a obrigatoriedade do cumprimento da Convenção 169 da OIT, que exige consulta prévia sobre projetos de exploração.
A FUP propõe ainda que a maior parte das receitas provenientes da exploração da Margem Equatorial seja destinada aos estados da região, com a criação de um fundo subnacional para financiar desenvolvimento e infraestrutura locais, fortalecendo a soberania energética e o crescimento regional.



