Líder do governo rebate Flávio Bolsonaro e diz não haver ambiente para votar anistia
José Guimarães aponta falta de clima político no Congresso e diz que a aprovação da anistia faria o presidente crescer nas pesquisas
247 - O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou que não existe “ambiente político” no Brasil para a votação do projeto que concede anistia aos investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro. Ao reagir à declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que defendeu a aprovação da proposta ainda este ano, Guimarães ironizou e avaliou que a medida poderia ter efeito inverso ao desejado pela direita, fortalecendo eleitoralmente o presidente Lula.
“Não tem ambiente político no Brasil. Se eles fazem isso, Lula cresce cinco pontos. É até bom do ponto de vista eleitoral, mas não da democracia. Não é bom para o País, para a democracia, para a Suprema Corte, mas para o Lula, ele só ganha”, disse Guimarães.
Além da falta de clima político, o líder do governo destacou que o prazo é extremamente curto para qualquer articulação em torno da anistia. Segundo ele, restam apenas duas semanas de atividade legislativa antes do recesso, período em que o governo concentra esforços para aprovar projetos considerados prioritários.
Entre as pautas de interesse do Planalto estão o projeto de lei do devedor contumaz e o projeto que cria o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), no contexto da regulamentação da reforma tributária. Guimarães afirmou esperar que a Câmara volte a analisar essas matérias já nesta terça-feira, 9.
Mais cedo, neste sábado, 6, Flávio Bolsonaro, escolhido por seu pai como pré-candidato à Presidência da República, definiu a aprovação da anistia no Congresso como prioridade absoluta da oposição. Ele declarou que pretende trabalhar para que a proposta seja votada ainda neste ano e apelou diretamente às lideranças partidárias da direita.
“O primeiro gesto que eu peço a todas as lideranças políticas que se dizem anti-Lula é aprovar a anistia ainda este ano. Espero não estar sendo radical por querer anistia para inocentes. Temos só duas semanas, vamos unir a direita”, afirmou o senador.
O projeto de lei que trata da anistia segue parado na Câmara dos Deputados. A proposta enfrenta resistência tanto de parlamentares bolsonaristas, que defendem uma anistia ampla, quanto do governo Lula, que é frontalmente contrário à medida.
O relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), anunciou que o texto em elaboração não tratará de um perdão “amplo, geral e irrestrito”, como desejavam Jair Bolsonaro e seus filhos. A proposta, segundo ele, deve se concentrar na dosimetria, ou seja, na revisão e possível redução das penas aplicadas.



