Lula impulsiona laços políticos e cooperação técnica entre Brasil e Moçambique
Visita oficial celebra 50 anos de relações diplomáticas e amplia projetos em educação, saúde, agricultura e comércio
247 - A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Maputo, marcada para os dias 23 e 24 de novembro de 2025, simboliza um novo impulso na relação entre Brasil e Moçambique. O encontro ocorre logo após a celebração dos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países, comemorados em 15 de novembro. A visita integra o esforço brasileiro de ampliar a cooperação com o continente africano, fortalecendo vínculos construídos desde a independência moçambicana, em 1975.
Parceria histórica ganha novo impulso
O governo brasileiro busca consolidar um ciclo renovado de aproximação com Moçambique, apoiado em afinidades políticas, culturais e estratégicas. Os dois países têm atuado conjuntamente em temas internacionais, como o combate à fome, a promoção da inclusão e a defesa dos interesses de nações em desenvolvimento.
Durante briefing realizado nesta terça-feira (19), o secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, destacou a força da parceria. “É uma relação profunda com Moçambique, um país que tem uma série de identidades com o Brasil. Coincidimos em muitas questões internacionais, em aspirações de países em desenvolvimento e na valorização da inclusão, da ação contra a fome e a pobreza”, afirmou. Ele acrescentou que “é uma cooperação muito profunda e que pode se desenvolver ainda mais, com imensas potencialidades também na área comercial”.
Declarações destacam convergência política
A sintonia entre os governos se reflete também na atuação conjunta em organismos internacionais. O apoio de Moçambique a iniciativas brasileiras na COP30 exemplifica a cooperação crescente em temas ambientais e de desenvolvimento sustentável.
Projetos de cooperação avançam em múltiplas áreas
A coordenadora-geral de Cooperação Técnica Multilateral do Itamaraty, embaixadora Luiza Ribeiro Lopes da Silva, reforçou que Moçambique se tornou um dos parceiros mais diversificados do Brasil na África. “Trabalhamos com Moçambique em programas de alfabetização, educação com esporte, fortalecimento do órgão regulador de medicamentos, prevenção de câncer, segurança alimentar, horticultura e capacitação em ciências florestais”, afirmou.
A cooperação também avança em áreas como direitos trabalhistas, formação de professores, inspeção do trabalho e fortalecimento institucional, beneficiando políticas públicas locais. No setor produtivo, o algodão é um dos exemplos mais bem-sucedidos da cooperação brasileira, com impacto direto na agricultura familiar e na renda comunitária.
Educação se consolida como eixo estratégico
A dimensão educacional é um dos pilares da parceria. O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) já recebeu centenas de moçambicanos nos últimos 20 anos, e o retorno do Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) fortalece ainda mais o intercâmbio acadêmico.
O secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, embaixador Laudemar Neto, detalhou o alcance desses programas. “Hoje temos pelo menos 100 estudantes moçambicanos no PEC-G, e Moçambique é o país africano com maior participação no programa”, observou.
Outro marco é a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), criada no governo Lula. “A Unilab tem mais de 300 estudantes moçambicanos em áreas como agronomia, medicina, administração e pós-graduação. É um marco da colaboração acadêmica entre Brasil e África”, afirmou Laudemar Neto.
Economia e intercâmbio comercial em expansão
A agenda econômica inclui um seminário empresarial com a presença de até 200 representantes do setor privado dos dois países. A missão busca ampliar a diversificação comercial, com foco em indústria, inovação e saúde.
Em 2024, o comércio bilateral totalizou US$ 40,5 milhões, com predominância de exportações brasileiras de carnes de aves, itens de perfumaria e móveis. As importações de Moçambique são formadas quase integralmente por tabaco.
Reconhecimento acadêmico em Maputo
Durante a visita, Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Pedagógica de Maputo, que destaca sua trajetória pública e o papel do Brasil no avanço da cooperação científica e educacional com Moçambique.
