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Moro é “um dos piores homens públicos que esse país já teve”, diz Arnóbio Rocha

A PF encontrou provas de que o ex-juiz grampeou ilegalmente autoridades com foro privilegiado

Sergio Moro (Foto: Roque de Sá / Agência Senado )

247 - O advogado Arnóbio Rocha afirmou nesta quarta-feira (17) que as recentes revelações sobre a atuação de Sergio Moro confirmam práticas ilegais recorrentes do ex-juiz federal e ajudam a explicar danos profundos causados à democracia brasileira. Em publicação feita em seu perfil no Instagram, Arnóbio comentou reportagem que trata de escutas clandestinas realizadas ainda em 2005, quando Moro era titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.

O advogado faz referência direta à apuração assinada pela jornalista Daniela Lima, do UOL, que revelou a apreensão, pela Polícia Federal, de documentos e mídias indicando a realização de grampos contra autoridades com foro privilegiado, sem autorização de tribunais superiores. A investigação aponta que essas práticas atingiram desembargadores, membros de tribunais e políticos, em desacordo com a legislação vigente à época.

Arnóbio sustenta que os fatos agora revelados reforçam denúncias antigas sobre a conduta do então magistrado. “Hoje o UOL traz um reportagem especial da Daniela Lima sobre o crime cometido em 2005 pelo ex-juiz Sergio Moro de grampear autoridades com foro que precisaria de tribunais superiores ou regionais para assim fazê-lo, o que demonstra que essa prática é uma prática constante dele, especial, que depois se tornou um método de ação na própria Lava Jato”, disse.

Segundo o advogado, já naquele período havia alertas sobre os riscos institucionais da atuação de Moro, embora o ex-juiz fosse tratado como herói por grandes veículos de comunicação. “É preciso lembrar que naquela época a mídia corporativa tinha como herói, desde aquele momento nós sempre dizíamos que a atuação dele era uma atuação que beirava o crime e que seria terrível para o país como foi”, afirmou.

Na publicação, Arnóbio também relaciona as escutas ilegais do passado a episódios posteriores de grande impacto político, como o vazamento do áudio envolvendo a então presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgado no contexto da nomeação de Lula para a Casa Civil. “Vide aquele áudio absolutamente ilegal feito contra a presidenta Dilma num dia da posse que Lula seria ministro da Casa Civil, aquilo dali foi a gota d'água para o golpe, o impeachment de 2016, claramente feito de forma irregular e o seu vazamento entrega para a Globo News”, declarou.

Para o advogado, as novas informações indicam que o caso pode ter desdobramentos ainda mais graves para o ex-juiz. “Hoje se começa a puxar um fio desse novelo que pode levar ao fim da carreira de um dos piores homens públicos que esse país já teve, o tal do Sérgio Muro, a sua incapacidade, a sua ambição desmedida e como o poder ainda que pequeno pode transformar em algo terrível para um país inteiro”, escreveu.

Arnóbio encerra sua manifestação defendendo responsabilização judicial pelas condutas apontadas. “Vamos limpar essa área e espero que seja devidamente punido pelos seus crimes e pelas suas ações contra o país”, afirmou.

As declarações do advogado dialogam com o conteúdo da investigação conduzida no Supremo Tribunal Federal, que apura denúncias de uso de delatores para monitorar ilegalmente autoridades com prerrogativa de foro. A Polícia Federal encontrou relatórios de inteligência e gravações mantidos fora dos autos oficiais da 13ª Vara Federal de Curitiba, inclusive após a saída de Moro da magistratura.

A ordem de busca e apreensão foi determinada pelo ministro Dias Toffoli, depois de reiteradas solicitações do STF por materiais que não haviam sido encaminhados à Corte. O procedimento corre sob sigilo. Procurado, Sergio Moro afirmou, por meio de sua assessoria, que as acusações se baseiam em “relatos fantasiosos do criminoso condenado Tony Garcia” e disse não poder comentar o conteúdo apreendido por não ter acesso aos autos do inquérito em andamento.

 

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