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Moro confessa gravação de presidente de tribunal, mas diz que iniciativa partiu de Tony Garcia

Em postagem nas redes, senador ataca jornalista, minimiza grampos ilegais e tenta desviar o foco de denúncias

Sergio Moro (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

247 - O senador Sergio Moro (União-PR) reagiu nesta segunda-feira (17) às revelações sobre o material apreendido pela Polícia Federal na 13ª Vara Federal de Curitiba e admitiu a existência de uma gravação envolvendo o então presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR). Em postagem nas redes sociais, o ex-juiz parcial tentou transferir a responsabilidade pelo episódio ao delator Tony Garcia e atacou a jornalista Daniela Lima, autora da reportagem do UOL que detalhou o caso.

A manifestação de Moro ocorre após reportagem revelar que a Polícia Federal encontrou despacho do então juiz determinando a repetição de escutas ambientais contra autoridades com prerrogativa de foro, material que teria permanecido fora dos autos oficiais por anos e que hoje é analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na publicação, Moro questiona o caráter inédito da reportagem e afirma que os fatos são antigos. “Então vamos lá, jornalista publica ‘furo’ no UOL de que eu teria, em 2005, grampeado ilegalmente o ex-Presidente do TCE/PR. Primeiro, não é furo, a mesma jornalista havia dado idêntica matéria em 2023”, escreveu.

O senador sustenta que a gravação ocorreu no contexto das investigações derivadas do caso Banestado e que a iniciativa teria partido do colaborador. “O fato ocorreu em 2005, há 20 anos, quando um criminoso colaborador, ladrão de consórcios, se dispôs a gravar seus interlocutores suspeitos de variados crimes em investigações derivadas do caso Banestado”, afirmou.

Moro também alegou que, à época, o entendimento do Supremo dispensaria autorização judicial para gravações feitas por um dos interlocutores. “O entendimento do STF na época era que a gravação feita pelo próprio interlocutor não demandava autorização judicial”, disse. Em seguida, reconheceu a gravação do dirigente do TCE-PR, mas tentou minimizar seu alcance. “Então um conselheiro do TCE foi gravado e é só, tudo com registro nos autos. Foi a única autoridade de foro então gravada e o áudio não foi utilizado para nada".

As investigações, no entanto, apontam que o áudio integral da conversa com Heinz Herwig, então presidente do TCE-PR, não havia sido encaminhado às instâncias superiores e permaneceu guardado na Vara Federal, ao lado de outros relatórios e mídias. O material foi localizado apenas após ordem de busca e apreensão expedida pelo ministro Dias Toffoli, no âmbito de apuração que tramita no STF sob sigilo.

Na postagem, Moro também buscou desvincular o episódio da Operação Lava Jato. “Essa colaboração findou em 2005, sem qualquer relação com a Lava Jato”, escreveu. Em outro trecho, o senador tentou associar a divulgação das denúncias a investigações envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), citando o filho do presidente Lula (PT). “Estranhamente, esses factóides são ressuscitados no momento em que é revelado que Lulinha está sendo investigado pela PF por suspeita de envolvimento no escândalo do roubo do INSS".

As declarações contrastam com o conteúdo apreendido pela Polícia Federal e com os relatos do próprio Tony Garcia, que afirmou à TV 247 ter atuado sob ordens diretas do então juiz, inclusive com autorização formal para realizar escutas ambientais envolvendo autoridades com foro privilegiado, sem autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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