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PF aponta Careca do INSS como dono oculto de entidade de pescadores investigada por descontos ilegais

Investigação afirma que empresário controlava confederação usada para desviar recursos de aposentadorias do INSS

Empresário Antônio Carlos Camilo Antunes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

247 – A Polícia Federal afirma que o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, era o “dono de fato” de uma entidade de pescadores suspeita de realizar descontos indevidos em aposentadorias. Segundo a investigação, ele exercia controle oculto sobre a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e da Aquicultura (CBPA), organização que teria sido usada para desviar recursos de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social.

As informações constam em reportagem do jornal Estado de S. Paulo, que teve acesso aos autos da investigação conduzida pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada para apurar fraudes em massa contra aposentados e pensionistas.

De acordo com a PF, Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado como um dos principais articuladores do esquema de desvios no INSS. A investigação sustenta que ele atuava em conjunto com outros dois aliados, também alvos da operação, no comando informal da entidade de pescadores.

“As evidências reunidas na investigação demonstram, de forma clara e consistente, que Gabriel Negreiros, Antonio Camilo e Tiago Schettini atuam como donos de fato da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA)”, afirma a Polícia Federal em trecho do relatório.

Transferências e desvio de recursos

Os investigadores identificaram que a CBPA realizou transferências financeiras para uma empresa ligada a Antunes, com o objetivo de desviar os valores descontados das aposentadorias. Segundo a PF, os descontos eram feitos sem o consentimento dos beneficiários, por meio de associações que se apresentavam como entidades representativas.

A investigação aponta que os recursos arrecadados abasteciam os cofres dessas entidades e, posteriormente, eram direcionados aos líderes do esquema e a outros investigados, caracterizando um modelo de organização criminosa voltado à exploração de aposentados.

Mandados e crimes investigados

As defesas de Gabriel Negreiros e Tiago Schettini não foram localizadas para comentar as acusações. Ambos foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, que autorizou a mais recente fase da operação.

A nova etapa da Operação Sem Desconto previu o cumprimento de 16 mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão, executados no Distrito Federal, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão.

Entre os crimes investigados estão inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário e dilapidação patrimonial, segundo a Polícia Federal.

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