HOME > Brasil

Alvo da PF, Sóstenes quer escapar atacando o governo e o STF

Líder do PL na Câmara promete entrevista coletiva para criar cortina de fumaça

Alvo da PF, Sóstenes quer escapar atacando o governo e o STF (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

247 - A reação do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL) à operação da Polícia Federal que o teve como alvo sinaliza uma escalada retórica marcada pelo confronto direto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo Lula (PT), informa Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. Após a realização de buscas e apreensões, o parlamentar decidiu anunciar uma ofensiva pública, interpretada como uma tentativa de mudar o centro do debate e relativizar a gravidade das acusações que pesam contra ele.

Sóstenes afirmou a aliados que pretende usar uma entrevista coletiva para citar o contrato milionário do escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, com o Banco Master. O acordo prevê o pagamento de R$ 129 milhões em honorários ao longo de 36 meses e tem sido utilizado pelo deputado como elemento central de seu discurso contra o STF.

Além disso, o parlamentar pretende mencionar investigações envolvendo Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, que teria se aproximado de Luiz Fábio, filho do presidente Lula, para tratar de negócios ligados ao mercado de canabidiol. Para Sóstenes, esses casos exemplificariam o que ele chama de “escândalos ignorados” pelas autoridades, argumento visto como uma tentativa de estabelecer falsas equivalências para diluir sua própria situação.

O deputado também planeja citar apurações que envolvem senadores da base governista, como Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado. Weverton foi alvo de buscas na Operação Sem Desconto, que investiga fraudes bilionárias em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões do INSS. O senador negou irregularidades e declarou confiar nas instituições.

A ofensiva verbal de Sóstenes ocorre após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão contra ele e o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), em operação autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF. Em um endereço ligado a Sóstenes, os agentes encontraram cerca de R$ 430 mil em dinheiro vivo, o que ampliou o impacto político do caso.

A Operação Galho Fraco apura suspeitas de desvio de recursos da cota parlamentar. Segundo a PF, deputados, assessores e particulares teriam atuado de forma coordenada para desviar e ocultar verbas públicas por meio da contratação de uma empresa de locação de veículos que continuou recebendo pagamentos mesmo após ter sido dissolvida de maneira irregular.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, há indícios de conluio entre assessores de Sóstenes e Carlos Jordy para conferir aparência de legalidade às operações investigadas. As apurações tiveram início em 2024 e envolvem suspeitas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Artigos Relacionados