PF considera foragido presidente de instituto contratado pelo PL para auditar urnas
Presidente do Instituto Voto Legal não foi localizado para cumprir prisão domiciliar e defesa afirma que ele mudou de endereço sem informar novo local
247 - A Polícia Federal passou a considerar foragido o engenheiro Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL), após não conseguir localizá-lo para o cumprimento de um mandado de prisão domiciliar decretado neste sábado. Rocha está entre os dez alvos de medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito dos processos relacionados à tentativa de ruptura institucional investigada pela Corte.
Segundo informações repassadas pelos advogados do engenheiro, a defesa foi comunicada ainda pela manhã sobre a existência da ordem judicial. Em nota assinada pelos advogados Melillo do Nascimento e Gladys Nascimento, a defesa relatou o contato feito com o cliente após a comunicação oficial da PF. “A sua defesa técnica foi informada pela Polícia Federal que havia mandado de prisão domiciliar e outras medidas ainda pela manhã. Ao tentar contato com Carlos Rocha, ele nos telefonou, informou que havia mudado de endereço, não declinou o novo e encerrou a chamada”, diz o comunicado.
Carlos Rocha foi condenado pela Primeira Turma do STF a sete anos e seis meses de prisão, em regime inicial semiaberto. A decisão integra um conjunto de julgamentos relacionados à chamada trama golpista, e a pena aplicada ao engenheiro está entre as menores impostas aos réus desses processos. O caso ainda não transitou em julgado e permanece sujeito a recursos.
O Instituto Voto Legal, presidido por Rocha, foi contratado pelo PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — para realizar uma auditoria nas urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de 2022. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o engenheiro fazia parte do chamado “núcleo 4” da articulação investigada, apontado como responsável por produzir e disseminar “narrativas falsas contra o processo eleitoral, os Poderes constitucionais e as autoridades que os representam”.
Ao condenar os integrantes desse grupo, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o objetivo das ações era “desacreditar as eleições para permanecer no poder”.
A operação deste sábado resultou no cumprimento de dez mandados de prisão domiciliar determinados pelo ministro Alexandre de Moraes. A medida, segundo a decisão, tem como finalidade evitar novas fugas de condenados em três ações penais ligadas à trama golpista.
Além da prisão domiciliar, os alvos estão obrigados a usar tornozeleira eletrônica, entregar os passaportes e cumprir restrições adicionais, como a proibição de receber visitas sem autorização judicial e de utilizar redes sociais.
Até a manhã deste sábado, a Polícia Federal havia cumprido os mandados contra Filipe Martins, ex-assessor da Presidência no governo Bolsonaro; Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército; Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça; Angelo Martins Denicoli, major do Exército; Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército; Sergio Ricardo Cavaliere, tenente-coronel do Exército; Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; e Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército.



