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Polícia paraguaia levou Silvinei Vasques encapuzado e algemado até a fronteira com o Brasil

Ex-diretor da PRF, condenado pelo STF por envolvimento na trama golpista, tentou embarcar para El Salvador com passaporte falso

Silvinei Vasques foi entregue pela polícia paraguaia (Foto: Reprodução Globonews)

247 – A prisão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, no Paraguai, ganhou novos contornos após a divulgação de imagens que mostram o aliado de Jair Bolsonaro encapuzado e algemado, sob escolta de agentes paraguaios, até ser entregue à Polícia Federal brasileira na fronteira. A informação foi publicada pelo Metrópoles, com imagens divulgadas pelo NSC Total, parceiro do portal.

Detido na madrugada desta sexta-feira (26/12), Silvinei foi transportado sob custódia até a região fronteiriça e entregue no início da noite, em Ciudad del Este, à Polícia Federal (PF) do Brasil. As imagens registradas no Departamento de Polícia Aeroportuária mostram o ex-diretor com um capuz preto cobrindo o rosto, enquanto permanecia sob vigilância, em um procedimento que evidencia o grau de alerta das autoridades paraguaias diante da tentativa de fuga.

Tentativa de fuga com passaporte falso

Segundo informações das autoridades locais, Silvinei tentou embarcar para El Salvador usando um passaporte falso paraguaio, em nome de Julio Eduardo. Ainda de acordo com os relatos, o documento apresentou inconsistências já na análise inicial, o que levou a uma verificação técnica e biométrica.

O procedimento confirmou que o passageiro era, na verdade, Silvinei Vasques, que está condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e proibido de deixar o Brasil. Fontes paraguaias afirmaram que a detenção ocorreu após alerta prévio de autoridades brasileiras, que vinham monitorando possíveis rotas de fuga pela região de fronteira.

Durante a revista dos pertences, policiais localizaram dois passaportes, além de documentos brasileiros originais, ampliando as suspeitas sobre a estrutura usada na tentativa de evasão.

“Declaração pessoal” e alegação de câncer agressivo

Na tentativa de persuadir as autoridades migratórias, Silvinei também apresentou uma declaração escrita, na qual alegava sofrer de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, descrito por ele como um tipo agressivo de câncer cerebral.

No documento, intitulado “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias”, ele afirmou que não conseguia falar nem ouvir “devido a uma condição médica grave” e solicitou que toda comunicação fosse feita por escrito. Também declarou que sua viagem teria como objetivo exclusivo realizar tratamento médico de radiocirurgia em San Salvador, em voo da Copa Airlines.

A Polícia Federal, no entanto, informou que não há comprovação da autenticidade das informações médicas apresentadas, o que reforça a suspeita de tentativa de manipulação das autoridades para viabilizar a fuga.

Fuga começou na véspera de Natal, diz PF

De acordo com informações enviadas pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, a fuga teria começado ainda na noite de quarta-feira (24/12), quando Silvinei deixou a residência em que morava em São José (SC), horas antes de a tornozeleira eletrônica apresentar falhas.

O equipamento teria sido rompido na madrugada do Natal. Imagens analisadas pela PF indicam que ele saiu do condomínio por volta das 19h22, após carregar um carro alugado com sacolas, ração e tapetes higiênicos para animais. Ele também embarcou com um cachorro da raça pitbull.

O veículo usado na fuga era diferente do carro que ele utilizava no dia a dia, que teria seguido circulando por cidades de Santa Catarina com o objetivo de despistar a polícia. Equipes da Polícia Penal catarinense e da PF foram ao endereço, mas Silvinei já havia deixado o local.

Condenação pelo STF e prisão preventiva decretada

Silvinei Vasques foi condenado pelo STF a 24 anos e 6 meses de prisão por integrar o chamado núcleo 2 da trama golpista, apontado como responsável pela elaboração da “minuta do golpe” e por ações destinadas a dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022.

A decisão foi proferida em 16 de dezembro, ainda com possibilidade de recurso, mas Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva após a tentativa de fuga.

Após ser entregue à Polícia Federal em Ciudad del Este, Silvinei deverá ser levado para Brasília, onde permanecerá à disposição da Justiça.

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