Durante fuga, Silvinei alegou que tinha câncer na cabeça e faria tratamento em El Salvador
Declaração apresentada por Silvinei Vasques às autoridades paraguaias afirma impossibilidade de comunicação verbal por causa de um tumor cerebral
247 - O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques apresentou às autoridades aeroportuárias um documento em que alegava sofrer de um câncer grave no cérebro para justificar dificuldades de comunicação durante sua saída do Brasil. O ex-policial rompeu a tornozeleira eletrônica na madrugada do Natal e acabou detido no Paraguai horas depois.
Segundo a Polícia Federal, o ex-diretor da PRF deixou o Brasil com destino final a El Salvador, passando pelo Paraguai. No texto intitulado “Declaração pessoal para autoridades aeroportuárias”, Silvinei afirmava: “Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave”. Em seguida, detalhava o diagnóstico: “Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais”.
O documento também esclarecia que, por conta da doença, ele não poderia responder perguntas de forma falada, sugerindo que qualquer comunicação fosse feita por escrito. Ainda segundo a declaração, Silvinei afirmava portar autorização médica para viajar, além de receituário e medicação de uso contínuo.
A Polícia Federal informou ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que a fuga teve início ainda na noite de quarta-feira, 24 de dezembro, antes que o sinal da tornozeleira eletrônica fosse interrompido. Imagens de segurança indicam que Silvinei deixou o condomínio onde mora, em São José, na Grande Florianópolis, por volta das 19h22.
Pouco antes da saída, ele foi visto carregando um veículo alugado com sacolas, ração e tapetes higiênicos para animais domésticos. O ex-diretor da PRF embarcou acompanhado de um cachorro da raça pitbull. Após esse momento, não voltou a ser localizado pelas autoridades brasileiras.
Uma equipe da Polícia Penal de Santa Catarina esteve no condomínio por volta das 20h10 do mesmo dia, mas não conseguiu encontrá-lo. Já a Polícia Federal foi acionada apenas na noite de 25 de dezembro e, ao repetir as buscas no local, também não obteve sucesso.
Na declaração apresentada no aeroporto, Silvinei afirmava que havia realizado tratamento de radioterapia e quimioterapia durante o mês de dezembro de 2025, na cidade de Foz do Iguaçu, e que os procedimentos teriam causado pequenas lesões no crânio como efeito colateral. Ele acrescentava: “Atualmente, me desloco para realizar tratamento médico de radiocirurgia, o qual é um procedimento moderno e eficaz, que pode contribuir para prolongar o período de vida, conforme indicação médica especializada”.
O texto informava ainda que a viagem partia de Assunção, no Paraguai, com destino a San Salvador, em El Salvador, em voo operado pela companhia aérea Copa Airlines. Segundo a declaração, o objetivo exclusivo da viagem seria a realização do tratamento médico, sem definição de data para retorno ao Brasil, já que isso dependeria de exames complementares e de uma eventual internação hospitalar.



