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Silvinei usurpou identidade de cidadão paraguaio, diz diretor de migração

Ex-diretor da PRF foi preso no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador com documentos de outra pessoa, segundo autoridades locais

Silvinei Vasques (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

247 - Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi detido no Paraguai sob a acusação de ter usado documentos de um cidadão paraguaio para tentar deixar o país de forma clandestina. A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, quando ele se preparava para embarcar em um voo com destino a El Salvador.

Autoridades paraguaias identificaram que Vasques não correspondia aos dados apresentados nos documentos. Em entrevista ao Canal 9, o diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, afirmou que o brasileiro tentou burlar alertas internacionais ao se passar por outra pessoa. “(Silvinei) era um impostor. Estava utilizando um documento de um cidadão paraguaio, mas, na verdade, era um cidadão de origem brasileira”, declarou.

Segundo Kronawetter, a checagem foi feita em cooperação com a Polícia Federal brasileira. “Pela manhã, nos certificamos, em colaboração com a Polícia Federal brasileira, que ele tinha medidas que o proibiam de sair do seu país (Brasil) e a proibição de usar o passaporte do seu país”, afirmou a autoridade paraguaia.

Ainda conforme o diretor, Silvinei Vasques entrou no Paraguai de forma irregular e pretendia deixar a América do Sul. “Silvinei Vasques era uma autoridade da Polícia Rodoviária do Brasil, e se tratava de um alvo importante para a Polícia Federal brasileira. Entrou no Paraguai de maneira clandestina e iria pegar um voo que iria com destino a El Salvador”, disse Kronawetter.

A prática, segundo ele, caracteriza crime de usurpação de identidade. “Se chama de usurpação de identidade. Ele se utilizou do passaporte original dessa pessoa para poder burlar o alerta que tinha contra ele, uma ordem de captura internacional. Ficou claro que se tratava de um impostor”, completou.

As autoridades paraguaias informaram que Silvinei apresentou documentos em nome de Julio Eduardo, mas inconsistências em dados como numeração e impressões digitais chamaram a atenção dos agentes de imigração. Durante a abordagem, ele acabou confessando que os documentos não lhe pertenciam. Inicialmente, chegou-se a cogitar que o passaporte pudesse ser autêntico, porém com informações adulteradas.

Antes da fuga, Vasques estava em Santa Catarina, onde rompeu a tornozeleira eletrônica que utilizava por determinação judicial. Após o rompimento, o Brasil comunicou o ocorrido a países vizinhos, incluindo Paraguai, Argentina e Colômbia. A expectativa das autoridades é que ele seja expulso do território paraguaio e entregue à Polícia Federal brasileira, possivelmente pela Ponte da Amizade, entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu. A data e o horário do procedimento ainda não foram divulgados.

Silvinei Vasques já havia sido condenado em diferentes processos judiciais no Brasil. Segundo decisão recente, ele integrou o chamado “núcleo 2” de uma organização criminosa investigada por ações para monitorar autoridades e dificultar o voto de eleitores, especialmente no Nordeste, durante o segundo turno das eleições. As investigações apontam o uso de operações da PRF com finalidade política.

Antes disso, Vasques também foi condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por utilizar a estrutura da PRF de forma política durante a campanha eleitoral de 2022. A decisão reconheceu o uso indevido de símbolos, recursos e da visibilidade institucional da corporação para promover a candidatura à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro, resultando em multa superior a R$ 500 mil e outras sanções cíveis.

Em janeiro de 2025, Silvinei Vasques assumiu o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação da Prefeitura de São José, na Grande Florianópolis, nomeado pelo prefeito Orvino Coelho de Ávila (PSD). No entanto, em dezembro do mesmo ano, no dia em que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo relacionado à trama golpista, ele pediu exoneração da função.

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