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PF prende filho do “Careca do INSS” e afasta número dois da Previdência

Nova fase da Operação Sem Desconto mira esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS

Empresário Antônio Carlos Camilo Antunes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

247 -A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (18), uma nova fase da Operação Sem Desconto e prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. A investigação apura um esquema de alcance nacional responsável por descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizados sem autorização dos beneficiários. As informações são do Metrópoles.

Antônio Carlos Antunes, pai de Romeu, está preso desde setembro e é apontado como um dos principais operadores da estrutura criminosa, responsável por desviar mensalmente recursos de benefícios pagos a idosos.

Além da prisão do filho do “Careca do INSS”, a operação resultou no afastamento de Aldroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência. Segundo apuração da Polícia Federal, ele passará a cumprir prisão domiciliar como medida cautelar no âmbito da investigação.

De acordo com a PF, a organização criminosa atuava de forma estruturada e hierarquizada. Havia núcleos específicos encarregados da captação de dados pessoais de aposentados, da inserção de informações falsas em sistemas oficiais e da ocultação e movimentação dos valores desviados. O esquema permitia que descontos mensais fossem aplicados automaticamente nos benefícios, reduzindo o valor recebido pelos segurados.

A ofensiva desta quinta-feira também tem como alvos o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar. Todas as medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No total, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares em São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e no Distrito Federal. A ação é conduzida em conjunto pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

 As investigações revelaram um crescimento abrupto na arrecadação de associações que aplicavam descontos indevidos em aposentadorias, chegando a cerca de R$ 2 bilhões em apenas um ano. Muitas dessas entidades acumulavam milhares de processos judiciais por filiações fraudulentas.

As denúncias deram origem a inquéritos da Polícia Federal e impulsionaram apurações da CGU. Deflagrada em abril deste ano, a Operação Sem Desconto resultou na demissão do então presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Ao todo, 38 reportagens do Metrópoles foram citadas pela PF na representação que embasou a operação.

Segundo as investigações, aposentados e pensionistas tinham valores descontados diretamente de seus benefícios sob a justificativa de filiação a associações de classe, mesmo sem nunca terem autorizado qualquer adesão. Os abatimentos ocorriam de forma contínua, mês a mês, afetando principalmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A CGU informou que as entidades investigadas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica, convênios médicos e descontos em academias. No entanto, não possuíam estrutura mínima para prestar os atendimentos prometidos. Pelo menos 11 associações foram alvo de medidas judiciais, com suspensão de contratos e interrupção imediata dos descontos.

O escândalo provocou forte impacto político no governo federal. Após a saída de Carlos Lupi, o comando do Ministério da Previdência passou para Wolney Queiroz, que assumiu a pasta em meio à crise. Em julho, o governo anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas. O ressarcimento ocorre em parcela única, e o prazo para contestação dos descontos foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.

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