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Rioprevidência ignorou alertas e manteve investimentos de alto risco no Banco Master

Fundo foi avisado por órgãos de controle sobre a insegurança das aplicações que somam quase R$ 1 bilhão e agora estão ameaçadas após a liquidação do banco

Sede da Rio Previdência (Foto: Divulgação)

247 – O Rioprevidência manteve aplicações milionárias no Banco Master mesmo após sucessivos alertas internos e externos sobre os riscos envolvidos. A informação foi revelada em reportagem do G1, que detalha documentos inéditos indicando que o Conselho Fiscal do fundo, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e a Assembleia Legislativa (Alerj) advertiram a direção da autarquia sobre a insegurança dos investimentos.

Segundo a apuração do G1, o Rioprevidência investiu R$ 960 milhões em letras financeiras do Banco Master, que oferecia títulos com taxas acima do mercado. Com a liquidação da instituição, parte desses recursos está ameaçada, e o fundo pode levar anos para recuperar o montante aplicado — se conseguir. Apenas valores até R$ 250 mil por investidor têm garantia do Fundo Garantidor de Créditos.

Alertas ignorados e operações sob suspeita

A reportagem aponta que investigações mostraram que parte do dinheiro aplicado no Banco Master foi destinada a ativos inexistentes, posteriormente revendidos a outras instituições financeiras. O TCE-RJ já havia emitido alerta formal em maio e, mais tarde, em outubro, proibido novos aportes relacionados ao conglomerado.

De acordo com o presidente do Conselho Fiscal do Rioprevidência, Vinicius Zanata, os riscos foram explicitados à direção do fundo ainda em outubro de 2024. “Alerta para a insegurança dos investimentos no Banco Master”, afirmou Zanata. Mesmo assim, até julho de 2025, o Rioprevidência já havia aportado R$ 2,6 bilhões em instrumentos financeiros administrados pelo grupo Master.

Documentos internos revelam tentativas tardias de contenção

Um dos documentos revela que o próprio Rioprevidência, em outubro, enviou um ofício ao Banco Master expressando preocupação e pedindo uma reunião urgente para “preservar o patrimônio dos servidores”. Outro documento, também inédito, mostra que o fundo pretendia contratar uma assessoria técnica especializada para mitigar riscos financeiros e regulatórios — já prevendo possíveis “eventos extraordinários” que afetassem as operações do banco.

O diretor-presidente do Rioprevidência, Deivis Marcon Antunes, indicado por Antônio Rueda, do União Brasil, foi procurado, mas não concedeu entrevista. Em nota, o Rioprevidência afirmou que o pagamento das aposentadorias e pensões está garantido e que não há risco aos segurados. Informou também que o total investido no Banco Master é inferior ao valor mensal da folha, que atualmente soma R$ 1,9 bilhão, sustentada principalmente pelos royalties do petróleo. O Estado do Rio de Janeiro possui hoje 242 mil aposentados e pensionistas.

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