'A voz do povo tem que ser protagonista nos debates climáticos', diz Boulos
Ministro destaca papel dos movimentos sociais e indígenas na conferência do clima em Belém e reforça mobilização após COP30
247 - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, afirmou que a Conferência do Clima da ONU (COP 30), que acontece entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA), será uma das mais participativas da história. Ele ressaltou a importância de garantir que a sociedade civil, povos indígenas, quilombolas e jovens tenham voz ativa nas discussões sobre o futuro climático do planeta.
Segundo Boulos, o esforço do governo federal foi concentrado em “trazer o povo para dentro da COP”, garantindo que a diversidade brasileira esteja representada. “Teve um esforço enorme para trazer o povo pra cá porque a voz do povo tem que ser protagonista nos debates climáticos. A voz da juventude, a voz dos povos indígenas, dos povos da floresta, dos quilombolas, a voz dos ambientalistas”, destacou.
Participação popular sem precedentes
De acordo com o ministro, a COP 30 já conta com quase 10 mil pessoas credenciadas apenas na chamada “Zona Azul” — área onde ocorrem as reuniões e debates oficiais com líderes e chefes de Estado. Deste total, 1.200 participantes são representantes da sociedade civil brasileira. Há ainda a “Zona Verde”, espaço voltado para painéis e feiras organizadas por movimentos sociais, cooperativas e povos tradicionais.
Boulos celebrou o fato de a conferência reunir “a maior participação indígena da história” e ressaltou que o evento, sediado no coração da Amazônia, simboliza um marco de inclusão e diálogo. “Os povos indígenas têm que ter vez e voz. Não podia ser diferente: estamos na Amazônia”, afirmou.
Mobilização após o evento
O ministro enfatizou que a mobilização social deve continuar após o encerramento da conferência, para garantir que os compromissos assumidos pelos países sejam cumpridos. “Daqui a 10 ou 15 dias, não tem mais COP. Mas pra implementar aquilo que é discutido, precisa de mobilização da sociedade. É o povo, nas ruas e nas redes, que vai pressionar líderes globais que não gostariam que essa COP estivesse acontecendo”, disse.
Em tom crítico, Boulos mencionou que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do Acordo de Paris logo após reassumir o governo, atendendo, segundo ele, aos interesses das petroleiras e da produção de xisto. “Estamos enfrentando interesses poderosos. As grandes corporações do petróleo e o agronegócio predatório não querem abrir mão dos combustíveis fósseis nem da devastação de florestas. A COP é também um momento de tomar lado”, reforçou.
Democracia participativa e políticas sociais
Boulos também destacou o papel da Secretaria de Participação Social, ligada ao seu ministério, que será responsável por acompanhar a implementação das metas climáticas firmadas na conferência. Para ele, democracia vai além do voto: “Democracia não acontece só a cada quatro anos. É o povo participando das decisões de maneira permanente, nos conselhos e processos estruturados”.
O ministro elogiou o trabalho iniciado por Márcio Macedo, seu antecessor, e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer “colocar o povo no centro das decisões”. Ele anunciou um mutirão nacional a partir de dezembro, com ações do governo federal em favelas e áreas periféricas, levando programas sociais, serviços públicos e orientações à população.
“Vamos chegar na favela com programa social, com o Reforma Casa Brasil, levando o CadÚnico e atendimento médico especializado. A missão é levar o governo onde o Estado muitas vezes não chega”, afirmou.
Atenção aos mais vulneráveis
Boulos ressaltou ainda que as mudanças climáticas atingem todos, mas com impacto desproporcional sobre os mais pobres. “Quem mora numa área de risco pode perder a casa e a vida. Por isso, essa atuação tem que ter um olhar prioritário sobre os mais vulneráveis”, disse.
Ele destacou que a Secretaria-Geral atuará em parceria com o Ministério das Cidades e a Secretaria de Periferias para promover urbanização de favelas, regularização fundiária e intervenções em áreas de risco. “O presidente Lula sempre diz: governo para todos, mas prioridade para o povo mais pobre. Essa é a orientação que eu sigo”, concluiu o ministro.


