China ocupa o protagonismo na transição energética com ausência dos EUA na COP30
Ausência dos EUA no debate climático abre caminho para Pequim ampliar influência em países emergentes
247 - A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), realizada em Belém, tem evidenciado uma mudança no equilíbrio global da transição energética. Com a ausência marcante dos Estados Unidos nos principais debates sobre sustentabilidade, a China vem ocupando o vácuo de liderança e consolidando sua posição como principal fornecedora de tecnologias verdes para países em desenvolvimento.
Segundo reportagem da CNN Brasil, o chamado “protecionismo verde” — um dos temas mais delicados entre países ricos e emergentes — acabou ficando fora da agenda oficial da cúpula. Países do Sul Global, como Brasil e Índia, têm criticado duramente medidas da União Europeia que, sob o pretexto ambiental, impõem novas barreiras comerciais. Entre elas, o mecanismo de ajuste de fronteira de carbono e o regulamento sobre produtos livres de desmatamento, ambos com previsão de vigência em 2026.
Essas políticas são vistas por muitas nações como estratégias disfarçadas de proteção econômica. No agronegócio, teme-se que as novas regras limitem o acesso a mercados, penalizando produtores que já cumprem legislações ambientais rigorosas. Na indústria, o argumento é de que a União Europeia ignora vantagens competitivas de países que investem em energia limpa, como o Brasil.
Paralelamente, uma reportagem do The New York Times, citada pela CNN Brasil, destaca que países emergentes têm buscado reduzir sua dependência dos Estados Unidos e da Europa no processo de transição energética. Com a saturação do mercado interno, empresas chinesas passaram a exportar painéis solares, turbinas eólicas e baterias em larga escala, ampliando sua presença em nações com alta demanda por energia limpa.
A ausência do governo americano na COP30 foi notada. Em contraste, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, do Partido Democrata, esteve presente e criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seu desinteresse nas políticas climáticas.
“Como americano, respeito e admiro o que a China está fazendo em grande escala no que diz respeito às cadeias de abastecimento e à produção. E é melhor que os Estados Unidos acordem para isso, é melhor que os nossos fabricantes de automóveis acordem para isso”, afirmou Newsom.
O governador ainda elogiou o avanço chinês no setor de energias renováveis, ressaltando que o país asiático tem se destacado na criação de cadeias de produção sustentáveis e competitivas. A crítica reflete a preocupação crescente dentro dos próprios Estados Unidos sobre a perda de protagonismo tecnológico e ambiental diante do avanço de Pequim.



