Sinovac aposta em novas parcerias internacionais para o futuro pós-pandemia
Biofarmacêutica chinesa acredita na cooperação com institutos parceiros como chave para nova etapa de crescimento
Leonardo Sobreira, de Pequim (247) - O arrefecimento da pandemia de Covid-19 traz novos desafios aos grandes produtores mundiais de vacinas. Uma das apostas da Sinovac, biofarmacêutica chinesa desenvolvedora da CoronaVac, para o futuro pós-pandemia é aprofundar parcerias internacionais para expandir sua presença em outras áreas da indústria sanitária.
Esta é a avaliação do CEO da estatal, Yin Weidong. Citando o êxito da CoronaVac em mais de 60 países que autorizaram o uso do imunizante em algum nível, o executivo identifica a cooperação com institutos de pesquisa parceiros como o fator-chave para os próximos passos no exterior.
“Vamos expandir nossas atividades para outras indústrias de saúde para ajudar as pessoas, mas precisamos colaborar com diferentes tipos de parceiros, como o Instituto Butantan. Não somente para vacinas, mas também outros produtos”, disse Yin, em entrevista às margens de uma visita de jornalistas estrangeiros à sede da Sinovac, em Pequim.
O Instituto Butantan e a Sinovac firmaram uma parceria ainda no final de 2020 para o envase da matéria-prima vacinal importada da China. A aliança permaneceu sólida apesar de toda a propaganda negacionista do governo federal, levando à entrega de mais de 110 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde e à autorização da extensão do uso do imunizante para a faixa etária de 3 a 5 anos, em agosto passado.
Além disso, a empresa também vem aumentando sua presença nas cadeias sanitárias de outros países. Em setembro passado, um complexo de armazém de vacinas automatizado, patrocinado pela Sinovac, foi doado ao Egito, com uma capacidade de até 150 milhões de doses. Em maio, a construção de uma nova fábrica de vacinas Sinovac no Chile foi anunciada, contando com investimentos de US$ 100 milhões de dólares. A instalação produzirá 50 milhões de doses por ano quando completada.
Segundo Yin, a Sinovac continuará reforçando sua capacidade de desenvolvimento de imunizantes, assim como de monitoramento de novos vírus que surjam na natureza. Para tal, a colaboração com pesquisadores de todo o mundo deve ser reforçada cada vez mais, defende o executivo.
“Vírus não conhecem fronteiras e se espalham pelo mundo muito rapidamente. Como uma desenvolvedora e produtora de vacinas, a Sinovac tem objetivos globais sempre. Estamos monitorando os vírus não somente nas populações aqui na China, mas também em todo o mundo. Isso não pode ser feito somente pela Sinovac, é impossível. A colaboração é fundamental. Por exemplo, a colaboração com o Instituto Butantan no Brasil, que também contribui enormemente. Solidariedade e colaboração são as chaves”, afirmou Yin.
“A Sinovac é uma desenvolvedora de vacinas, então estamos fazendo isso sempre, e não somente durante pandemias, como também depois delas. Sempre monitoramos vírus diferentes, como o influenza. Continuaremos desenvolvendo vacinas”, garantiu o executivo, após seu assistente oficial, Sun Shasha, observar que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou.
Nesse sentido, a Sinovac avança na obtenção de licenças para a aplicação de sua vacina contra a variante ômicron do novo coronavírus. No mês passado, o Instituto de Saúde Pública (ISP) do Chile aprovou ensaios clínicos de fase II com o imunizante de vírus ômicron inativado, assim como para a vacina trivalente, que combate as variantes ancestral, delta e ômicron. Estudos pré-clínicos mostraram que os dois imunizantes são seguros e eficazes.
Paralelamente, o vice-presidente da Sinovac, Meng Weining, disse que a empresa está disposta a firmar novas parcerias com países estrangeiros a fim de fortalecer os esforços de P&D, bem como as indústrias locais.
“Não estamos apenas dispostos a nos tornar um fornecedor de vacinas realmente confiável, mas também gostaríamos de nos tornar um parceiro estratégico para a segurança da saúde pública desses países, estabelecendo uma indústria local de vacinas e algumas instalações locais de desenvolvimento de vacinas”, disse ele.
A Sinovac destinará US$ 2 bilhões em P&D e mais US$ 3 bi à produção de vacinas e outros produtos durante os próximos cinco anos. Segundo o GM da empresa, Qiang Gao, a empresa também tem a intenção de fomentar centros de P&D, assim como de construir bases industriais em mais de 10 países.
“Acreditamos que as vacinas Sinovac e outros produtos farmacêuticos chegarão a mais países e ajudarão a saúde das pessoas em mais países. Agora, também temos capacidade para produzir vacinas suficientes para ajudar na luta contra o vírus Covid-19”, disse.
Até setembro deste ano, a oferta global total da CoronaVac foi de 2,88 bilhões de doses, das quais 1,75 bilhão de doses foram destinadas à China e 1,13 bilhão de doses foram enviadas para outros países e regiões. Ao todo, foram aplicadas cerca de 2,5 bilhões de doses da CoronaVac ao redor do mundo --aproximadamente 22% de todas as doses administradas.
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