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Instituto Marielle Franco lança livro Rosas da Resistência em Brasília

Obra reúne trajetórias de dez mulheres negras que disputaram as eleições de 2024 e seguem atuando na transformação social

Livro Rosas da Resistência (Foto: Divulgação / Instituto Marielle Franco)

247 - O Instituto Marielle Franco realizará, em 22 de novembro, às 17h, na Casa Comum, em Brasília, o lançamento do livro Rosas da Resistência: trajetórias e aprendizados de mulheres negras não eleitas. A informação foi divulgada pelo próprio Instituto, que apresenta a obra como um registro das vivências e da atuação de dez mulheres negras que disputaram as eleições de 2024.

Segundo a nota oficial de divulgação, o lançamento integra a programação da Marcha Mundial das Mulheres Negras, que acontece no dia 25 deste mês,  e reforça o compromisso de fortalecer a presença política dessas lideranças, ampliando a luta contra a violência política de gênero e raça e preservando o legado de Marielle Franco.

Lançamento integra a Marcha de Mulheres Negras

A publicação nasce de uma parceria entre o Instituto Marielle Franco e a Fundação Rosa Luxemburgo, resultado de uma pesquisa qualitativa realizada pelo projeto Fundo de Respiro. A iniciativa oferece apoio e cuidado pós-eleitoral a mulheres negras signatárias da Agenda Marielle Franco que enfrentaram violência política durante a disputa municipal de 2024.

As narrativas reunidas mostram como essas lideranças, vindas de realidades diversas, seguem exercendo papel central na defesa de direitos, na disputa democrática e na construção de novos horizontes políticos.

Origem da obra e o papel do Fundo de Respiro

O livro apresenta as trajetórias de Andreia de Lima, Ayra Dias, Bárbara Bombom, Camila Moradia, Dani Nunes, Débora Amorim, Flávia Hellen, Joelma Andrade, Lana Larrá e Mayara Batista. Cada uma delas enfrentou obstáculos estruturais da política institucional, mantendo-se ativa nos territórios e comprometida com a transformação social.

Em um cenário marcado pelo avanço de agendas ultraconservadoras no Brasil e no mundo, a obra também aborda desafios persistentes, como a distribuição desigual de recursos de campanha e os silenciamentos dentro das estruturas partidárias.

Trajetórias que revelam resistência e futuro político

O livro mostra que a participação dessas mulheres vai além da ocupação de cargos eletivos. Seus trabalhos impulsionam práticas políticas voltadas para demandas historicamente invisibilizadas, como direitos humanos e políticas de cuidado, contribuindo para redefinir prioridades na agenda pública.

A publicação conta com prefácio da deputada federal Benedita da Silva, que escreve: “Um convite para que a memória de Marielle Franco e de todas as mulheres negras que esperançaram um futuro siga viva. Façamos das dez vozes presentes neste livro um farol de coragem e de possibilidade, que cada revés se torne madeira firme para sustentar uma travessia rumo a um amanhã mais justo, com mais fôlego para que caminhemos mais longe e mais alto!”

Desafios estruturais e estratégias para radicalizar a democracia

A escolha de Brasília para o lançamento ocorre durante a Semana por Reparação e Bem Viver da Marcha Nacional das Mulheres Negras, reforçando a centralidade da luta antirracista e feminista no trabalho do Instituto.

Para Luyara Franco, diretora executiva do Instituto e filha de Marielle Franco, o livro também representa continuidade e cuidado. “Rosas da Resistência é um gesto de cuidado e de memória. São histórias que mostram que a política feita por mulheres negras não começa nem termina nas urnas. Mesmo diante da violência, seguimos criando caminhos de esperança, continuidade e luta. Esse livro demonstra que o legado da minha mãe vive em cada mulher que resiste e transforma seus territórios”, afirma.

Vozes que mantêm vivo o legado de Marielle Franco

Os organizadores Aron Giovanni Oliveira e Brisa Lima da Silva destacam a dimensão simbólica e política da obra ao afirmar: “Este livro é uma tecnologia de memória e de futuro: documenta-se desafios e aponta caminhos. [...] Este livro é um gesto de radicalidade democrática em si, porque permanecer, para mulheres negras, é um ato de resistência, e contar essas histórias é uma ferramenta de manutenção viva da semente de Marielle em cada pessoa que não se acovarda nem se conforma. Por e para cada pessoa que pulsa o desejo mais ávido por um bem-viver possível e emancipatório”.

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