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Atrasos no licenciamento elevam custos da Petrobras e FUP alerta para riscos da não exploração da Margem Equatorial

FUP alerta que Petrobras corre o risco de perder protagonismo no Brasil e ficar excessivamente dependente de ativos internacionais

Sonda de perfuração ODN II-Margem Equatorial (Foto: Divulgação / Foresea)

247 - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou sobre os impactos financeiros causados pelos atrasos no licenciamento ambiental no bloco FZA-M-59, localizado na Margem Equatorial, no litoral do Amapá. A Petrobrás planeja realizar uma perfuração exploratória na região, mas o projeto está sendo comprometido pela falta de autorização para realizar o simulado preventivo em um poço pioneiro. A sonda de perfuração, que foi alugada pela estatal, está parada aguardando o licenciamento, o que gera um custo de R$ 4 milhões por dia à companhia.

Desde que a Petrobras assumiu a operação do bloco, em 2022, mais de R$ 1 bilhão foram aplicados em atividades relacionadas ao licenciamento ambiental. Esse valor inclui R$ 543 milhões com aluguel de sondas, R$ 327 milhões com embarcações e R$ 142 milhões com serviços aéreos. Para Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, os atrasos demonstram um comprometimento da empresa com a segurança ambiental, mas também evidenciam a necessidade de decisões técnicas rápidas por parte dos órgãos responsáveis.

"As etapas necessárias para explorar com segurança essa nova fronteira energética do país não podem ser travadas por questões administrativas ou indefinições regulatórias", afirmou Bacelar.

Impactos estratégicos

A FUP também destacou que os atrasos em projetos de grande porte estão comprometendo o futuro da Petrobrás. Bacelar alertou que, enquanto grandes projetos exploratórios não avançam pela falta de licenciamento, outros projetos menores acabam sendo postergados. “A revitalização de projetos como SEAP (Sergipe Águas Profundas), Albacora, Barracuda e Marlim Leste foi adiada para depois de 2030”, afirmou. Essa situação tem levado a Petrobrás a redirecionar investimentos para o exterior, comprometendo o potencial de desenvolvimento da indústria e da soberania energética do Brasil.

A dificuldade em obter licenciamento ambiental em áreas sensíveis, como a Margem Equatorial, tem sido um obstáculo constante. “Se nada mudar, o país terá enormes dificuldades para reverter a paralisia exploratória”, ressaltou Bacelar. Isso coloca a Petrobras em uma posição vulnerável, dependendo excessivamente de ativos internacionais, o que enfraquece sua capacidade de gerar riqueza e desenvolvimento no Brasil.

Riscos para o futuro da exploração de petróleo no Brasil

A não produção de petróleo no Brasil pode resultar em uma perda de mercado para outros países, alertou Bacelar. Ele enfatizou que as bacias de Campos, Espírito Santo e Santos não são eternas, e que a produção nacional é uma vantagem estratégica, já que o Brasil é o maior produtor de petróleo com a menor pegada de carbono entre os grandes produtores. "Se não mantivermos a produção interna, perderemos a capacidade de investir em pesquisa e desenvolvimento, o que é crucial para o futuro da indústria", concluiu Bacelar.

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