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Ceia mais farta impulsiona consumo e anima varejo no Natal de 2025

Dólar em queda, emprego aquecido e preços moderados indicam maior crescimento das vendas natalinas em uma década

Ceia mais farta impulsiona consumo e anima varejo no Natal de 2025 (Foto: Divulgação/Mapa)

247 - A combinação entre mercado de trabalho aquecido, câmbio mais favorável e menor pressão inflacionária deve tornar a ceia de Natal de 2025 mais variada e sofisticada para os brasileiros. Com o dólar acumulando queda de 14% no ano e o país em pleno emprego, a renda disponível das famílias aumentou, estimulando o consumo e abrindo espaço para produtos de maior valor agregado nas prateleiras, informa o jornal O Globo.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta um crescimento de 15% no consumo das famílias durante as festas de fim de ano. Se confirmado, será o maior avanço desde o início da série histórica, em 2015. O cenário contrasta com o de 2024, quando a alta do dólar e problemas climáticos encareceram alimentos típicos da data.

Além da expansão da renda, os preços da ceia tiveram comportamento mais benigno. Segundo a Abras, os itens tradicionais registraram reajuste médio de apenas 3,5% em relação ao ano passado, o menor percentual desde 2017. O vice-presidente da entidade, Márcio Milan, atribui o resultado à previsibilidade cambial e à antecipação das compras pelo varejo. “O que sentimos é que eles (os supermercados) anteciparam a compra dos produtos típicos da ceia de Natal, incluindo vinho e azeite. O governo retirou a taxa de importação, e isso fez o preço do azeite cair em média 18%”, afirmou.

A indústria alimentícia aproveitou o ambiente mais favorável para acelerar lançamentos. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, renovou entre 10% e 15% do portfólio natalino, apostando tanto em produtos premium quanto em opções práticas. Entre as novidades estão o chester semidesossado recheado com farofa, criado para celebrar os 45 anos do produto, e o empanado de chester pensado para preparo na air fryer. “Estamos otimistas com o Natal”, disse Luiz Franco, diretor de Marketing e Inovação da MBRF, ao destacar que o dólar mais comportado reduziu a pressão dos insumos.

No segmento de panetones, a diversificação foi a estratégia para alcançar diferentes públicos. A Bauducco lançou versões premium, tamanhos menores e novos sabores, como o Chocottone de pistache e produtos em parceria com a Fini. O diretor de Marketing da empresa, André Britto, explicou que o planejamento ajudou a conter custos. “Vimos um movimento antecipado de pedidos dos varejistas. Acreditamos em um portfólio democrático, partindo de um desembolso próximo de R$ 5, até opções maiores, para famílias, ou presentes mais premium”, afirmou.

O bom momento também se reflete no comércio especializado. No Cadeg, tradicional mercado municipal do Rio de Janeiro, a Empório Tuta do Bacalhau ampliou a oferta de cestas natalinas para empresas, com preços entre R$ 73,90 e R$ 228. O gerente Carlos Babo avalia que a economia favorece as vendas corporativas. “As empresas estão valorizando mais o funcionário”, disse. Segundo ele, os pedidos variam de cem a 200 cestas por venda, mesmo com o bacalhau importado da Noruega registrando reajuste de 7% a 10%.

Nas grandes redes, a antecipação das compras foi ainda mais intensa. O Supermercados Zona Sul iniciou as encomendas de panetones em maio e registrou aumento de 79% no volume em relação a 2024. Para Ricardo Bonuccelli, gestor comercial e de importação da rede, a inflação mais controlada estimula o consumo. “Com a inflação mais controlada, há uma tendência maior ao consumo. Mesmo com o aumento de preços, o percentual é menor que em 2024”, afirmou. Entre novembro e o início de dezembro, as vendas de importados cresceram 12,7%.

O azeite, item central da ceia e cada vez mais usado como presente, também se beneficiou do novo contexto. A decisão do governo de zerar o Imposto de Importação para azeites e outros alimentos essenciais, somada a uma safra internacional mais favorável, fez o produto retornar à faixa de R$ 35 a garrafa de 500 ml em muitos pontos de venda. Para Yasmin Roiter, gerente de marketing da Gallo Brasil, o consumidor está mais disposto a experimentar versões sofisticadas. “Percebemos um consumidor mais aberto a experimentar azeites premium em ocasiões especiais, sem deixar de buscar produtos versáteis e com bom custo-benefício para o dia a dia”, disse.

No atacarejo, o comportamento do consumidor revela equilíbrio entre preço e celebração. O diretor regional do Assaí, Moacir Sbardelotto, observou que parte das compras foi antecipada para a Black Friday. “O que vemos desde novembro é um consumidor que busca o custo-benefício: ele não deixa de celebrar, mas olha com cuidado para o preço de cada item. A ceia tende a ser completa, porém equilibrada”, afirmou.

Com preços mais estáveis, dólar em queda e renda em alta, o Natal de 2025 se desenha como um dos mais aquecidos da última década para o setor de alimentos, reforçando a expectativa de um fim de ano marcado por mesas mais fartas e maior diversidade de produtos.

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