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China ainda tem espaço para um crescimento acelerado, diz Nobel Joseph Stiglitz

Economista afirma que abertura, inovação e fortalecimento da demanda interna seguirão impulsionando a segunda maior economia do mundo

Joseph Stiglitz (Foto: Divulgação / TV Brasil )

247 – O economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, afirmou que a China ainda dispõe de amplo espaço para crescer rapidamente nas próximas décadas, impulsionada por inovação tecnológica, fortalecimento da demanda interna e continuidade da política de abertura. As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à agência Xinhua, publicada nesta sexta-feira (21).

Stiglitz esteve em Hong Kong para participar do International Forum on China’s Economy and Policy, organizado pelo Chief Executive’s Policy Unit do governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e por um centro de estudos ligado à Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS).

Reformas, redução da pobreza e inovação: pilares de uma transformação histórica

Ao avaliar o processo de reformas das últimas décadas, Stiglitz destacou o impacto social e econômico das mudanças implementadas pelo governo chinês.

Qualquer pessoa que observe o aumento da renda, o número de pessoas retiradas da pobreza e a inovação que ocorreu na China ficará muito impressionada”, afirmou.

O economista elogiou o recém-divulgado documento com recomendações para o 15º Plano Quinquenal (2026-2030), que prioriza maior autossuficiência científica e tecnológica. Para ele, trata-se de “um passo na direção certa”.

Stiglitz destacou que a China já ocupa posição de destaque em diversos setores de ponta, mas ressaltou a importância da cooperação internacional na produção de conhecimento: “A natureza da comunidade internacional do conhecimento é que ela é uma comunidade global. É por isso que vocês precisam continuar abertos”.

Ele lembrou que, nas primeiras décadas de reforma e abertura, o crescimento chinês foi impulsionado pela incorporação de novas tecnologias e pela expansão das exportações industriais. Agora, o país atua diretamente na fronteira da inovação. “A China está agora envolvida em patentes e pesquisa na fronteira”, disse. “Ainda há áreas em que precisa avançar, mas isso significa que mais recursos serão dedicados à ciência de fronteira”.

Economia chinesa mantém força e deve impulsionar o mundo

Em 2024, a economia chinesa cresceu 5%, respondendo por cerca de 30% do crescimento econômico global. Para Stiglitz, o país continuará ampliando sua influência na economia mundial.

Ainda há muito espaço para que a economia chinesa cresça em um ritmo muito rápido”, afirmou. Ele recomendou políticas públicas que reforcem a demanda agregada doméstica, especialmente nos setores de saúde, educação e cuidados para idosos, fundamentais em um país que seguirá se urbanizando intensamente nas próximas décadas.

Hong Kong reforça seu papel como ponte estratégica da China com o mundo

Stiglitz também analisou o papel de Hong Kong diante das incertezas da economia global. Ele destacou que o princípio “um país, dois sistemas” confere vantagens únicas ao território.

A política de ‘um país, dois sistemas’ deu a Hong Kong uma adaptabilidade mais forte e maior flexibilidade, posicionando a cidade para responder de forma eficaz às mudanças em um mundo multipolar”, afirmou.

Para o economista, a expansão do comércio exterior chinês e dos investimentos de empresas do país no exterior ampliará a relevância global da China — e Hong Kong continuará sendo um elo vital. “À medida que o comércio exterior da China e o investimento corporativo no exterior continuarem a crescer, o país permanecerá um grande ator global, e Hong Kong desempenhará um papel ainda maior como ponte entre a China e o resto do mundo”, afirmou.

Ele também destacou os elementos que sustentam o status de Hong Kong como centro financeiro internacional: “As vantagens únicas de Hong Kong em seu sistema jurídico e ambiente linguístico reforçaram seu status como um centro financeiro internacional”.

Stiglitz aconselhou a diversificação econômica, preservando a solidez regulatória: “Regulações fortes podem significar perder alguns aspectos das finanças modernas, mas eu não me preocuparia”, disse. Ele recomendou que a cidade priorize setores como educação, saúde, turismo e inovação.

 “Hong Kong está fazendo a coisa certa ao colocar a inovação e a educação no centro de sua estratégia econômica”, afirmou.

O economista também comentou a estratégia anunciada pelo governo da Região Administrativa Especial para integrar educação, tecnologia e atração de talentos como forma de fortalecer a competitividade da cidade.

Apesar dos desafios globais, Stiglitz disse manter plena confiança na resiliência de Hong Kong: “Como um centro internacional de finanças, comércio e navegação, Hong Kong inevitavelmente enfrentará altos e baixos, mas a cidade vem avançando muito na adaptação às mudanças rápidas”.

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