Comércio cresce 0,2% em agosto após quatro meses de quedas
Setor de informática impulsionado pela desvalorização do dólar contribuiu para a retomada do varejo no período
247 - O comércio varejista brasileiro registrou uma leve alta de 0,2% em agosto, na comparação com julho, interrompendo uma sequência de quatro meses de retrações. No acumulado do ano, o setor apresenta crescimento de 1,6%. Em 12 meses, a expansão é de 2,2%, o menor ritmo desde janeiro de 2024. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a pesquisa, o resultado frente a agosto de 2024 foi positivo em 0,4%, marcando o quinto mês consecutivo de avanço na comparação interanual. Apesar da desaceleração, o varejo mantém trajetória positiva desde setembro de 2022, quando registrou sua última taxa negativa (-0,7%).
Variações setoriais e impacto da moeda americana
Entre os setores que mais contribuíram para a recuperação em agosto, destaca-se o segmento de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com alta de 4,9%. O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explicou que a desvalorização do dólar foi determinante para o aumento das vendas.
“Os produtos de informática tiveram forte influência do dólar, em franca desvalorização em agosto”, observou o pesquisador.
Outros setores que também avançaram foram tecidos, vestuário e calçados (1,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%), móveis e eletrodomésticos (0,4%) e hiper e supermercados (0,4%).
Na contramão, houve retração em livros, jornais e papelaria (-2,1%), combustíveis e lubrificantes (-0,6%) e artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%).
Varejo
No conceito ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, além de material de construção e atacado de alimentos, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 0,9% em agosto frente a julho. Já em relação ao mesmo mês de 2024, houve queda de 2,1%, acumulando retração de 0,4% no ano e apenas 0,7% em 12 meses.
O setor automotivo apresentou resultado expressivo em agosto, com avanço de 2,3%. O material de construção teve variação positiva de 0,1%, enquanto o atacado de produtos alimentícios não foi incluído na comparação por falta de séries suficientes para o ajuste sazonal.
Desempenho regional
O estudo aponta que 16 das 27 unidades da federação registraram crescimento em agosto, com destaque para Rio Grande do Norte (2,6%), Maranhão (2,5%) e Paraíba (1,9%). Já entre as quedas, sobressaem Amapá (-4,3%), Rondônia (-1,5%) e Espírito Santo (-1,2%).
No varejo ampliado, Goiás apresentou a maior alta, com 4,8%, seguido por Maranhão (2,3%) e Rio Grande do Norte (2,2%). Entre as quedas mais intensas estão Amapá (-4,8%), Rondônia (-2,9%) e Amazonas (-1,3%).
Perspectivas e próximos resultados
Cristiano Santos destacou que, embora as variações mensais estejam próximas de zero há cinco meses, o desempenho de agosto interrompeu a tendência de queda observada desde março, que havia marcado o pico da série com ajuste sazonal.
“A sequência de quatro variações pequenas, mas com viés de baixa, já estava fazendo diferença em relação ao patamar de março. Com o resultado de agosto, essa distância deixa de aumentar”, explicou.
A próxima divulgação da PMC, com os dados referentes a setembro de 2025, está prevista para 13 de novembro.



