Comércio recua 0,3% em setembro, diz IBGE
Setor de livros e papelaria lidera retração; IBGE aponta sequência de perdas mensais e ritmo moderado de crescimento anual
247 - As vendas do comércio varejista registraram nova retração em setembro, com queda de 0,3% na comparação com agosto. Os dados integram a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, e mostram um cenário de enfraquecimento gradual do consumo ao longo do segundo semestre. A fonte original da notícia é a Agência de Notícias do IBGE.
De acordo com o levantamento apresentado pelo instituto, publicado nesta quinta-feira (13), o desempenho negativo vem após uma leve alta de 0,1% em agosto e consolida um período marcado por oscilação e perda de fôlego no varejo. Em relação a setembro de 2024, porém, o setor ainda acumula avanço de 0,8%, alcançando o sexto resultado positivo consecutivo.
O acumulado do ano registra expansão moderada de 1,5%, enquanto o índice dos últimos 12 meses cresceu 2,1% — o menor resultado desde janeiro de 2024. Para o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, é necessário observar o comportamento recente em perspectiva mais ampla. Segundo ele, “num horizonte de seis meses, por cinco ocasiões as taxas ficaram no campo negativo, o que já dá uma diferença de patamar para março (quando houve a última alta) de -1,1%. Assim, o cenário que se desenhava de abril a junho (queda lenta após pico de março) volta em setembro, mas agora já contabilizando seis meses desse movimento”.
Seis dos oito segmentos ficam no vermelho
Entre agosto e setembro, seis das oito atividades investigadas recuaram. O setor de livros, jornais, revistas e papelaria teve a queda mais intensa (-1,6%), mantendo uma trajetória de perdas recorrentes. Santos explica que a atividade enfrenta “trajetória de queda persistente, sobretudo pela migração de parte de seu portfólio de produtos para outras atividades, como no caso do livro físico”.
Também registraram retração: tecidos, vestuário e calçados (-1,2%); combustíveis e lubrificantes (-0,9%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,9%); móveis e eletrodomésticos (-0,5%); e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%).
Por outro lado, apenas dois setores tiveram avanço no período: outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,5%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,3%).
Varejo ampliado mostra leve melhora
No comércio varejista ampliado — que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo — houve alta de 0,2% frente a agosto. Apesar da melhora, o segmento segue no campo negativo no acumulado do ano (-0,3%). Em 12 meses, registra crescimento de 0,7%.
O desempenho setorial foi desigual: veículos e motos caíram 0,8%, enquanto material de construção teve leve variação negativa de 0,1%.
Comparação interanual mantém tendência de recuperação
Na comparação com setembro do ano anterior, quatro das oito atividades apresentaram alta: móveis e eletrodomésticos (7,5%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (5,8%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,0%); e outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,8%).
Já livros e papelaria (-2,1%), tecidos e vestuário (-1,6%), combustíveis (-0,8%) e hiper e supermercados (-0,6%) recuaram.
No varejo ampliado, os resultados foram mistos: veículos e motos caíram 1,6%, material de construção variou -0,3% e o atacado especializado cresceu expressivos 7,7%.
Desempenho regional mostra contrastes
Quinze das 27 unidades da federação registraram queda na passagem de agosto para setembro. Os piores desempenhos foram observados no Maranhão (-2,2%), Roraima (-2,0%) e Distrito Federal (-1,7%). Segundo Santos, a retração maranhense foi influenciada por promoções concentradas em agosto, que reduziram o apetite de compra no mês seguinte.
Entre os avanços, destacaram-se Tocantins (3,2%), Amapá (2,9%) e Bahia (2,4%). O Rio Grande do Norte manteve estabilidade.
No varejo ampliado, 14 unidades tiveram alta, com destaque para Tocantins (11,4%), Minas Gerais (3,3%) e Rio Grande do Sul (2,7%). Do lado negativo, Paraná (-1,8%), São Paulo (-1,6%) e Roraima (-1,5%) lideraram as perdas.
Na comparação anual, 20 unidades apresentaram crescimento no varejo, com Amapá (10,0%), Rio Grande do Norte (7,9%) e Bahia (5,9%) no topo da lista. As maiores quedas ocorreram em Piauí (-5,4%), Roraima (-5,2%) e Rio de Janeiro (-2,6%).
Sobre a pesquisa
A Pesquisa Mensal de Comércio acompanha desde 1995 a evolução das vendas no varejo, avaliando o comportamento conjuntural do setor em empresas com 20 ou mais empregados. Os resultados completos podem ser consultados no sistema Sidra, do IBGE. A próxima divulgação, referente a outubro, está prevista para 11 de dezembro.



