Estrangeiros retiram R$ 2 bi da B3 após anúncio de Flávio Bolsonaro sobre pré-candidatura
Ibovespa caiu mais de 4% na sexta-feira, após anúncio da pré-candidatura do senador. Mercado registra forte aversão ao risco
247 - O anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República desencadeou uma forte reação no mercado financeiro. Na sexta-feira (5), investidores estrangeiros retiraram cerca de R$ 2 bilhões do segmento secundário da B3, segundo o Valor Econômico, o Ibovespa despencou 4,31% no mesmo dia, refletindo a elevação abrupta da aversão ao risco entre os agentes financeiros. O anúncio foi interpretado como um movimento estratégico para reposicionar o bolsonarismo no cenário eleitoral e exercer pressão pela anistia de Jair Bolsonaro (PL).
Reprecificação e efeito surpresa
Para João Mamede, analista sênior de ações e renda variável da AZ Quest, a reação dos mercados foi desencadeada pela imprevisibilidade do gesto político. Ele destacou que as discussões entre analistas e cientistas políticos convergiam para a leitura de que se tratava mais de uma tentativa de negociação do que de uma candidatura estruturada. “Agora, se ele [Flávio] vai levar a candidatura adiante, não sei”, afirmou.
Mamede explicou que a reprecificação acentuada dos ativos domésticos foi provocada pelo caráter inesperado da notícia. “A forte reprecificação registrada pelos ativos domésticos na sexta-feira ocorreu devido ao ‘efeito surpresa’ da notícia”, disse. Segundo ele, o reposicionamento dos investidores era inevitável: “Como ninguém estava esperando e estava posicionado para outro cenário, investidores desfizeram a posição em muitos papéis [na sexta-feira]”.
Declaração de irreversibilidade reacende tensão
A instabilidade voltou a atingir o mercado nesta terça-feira (9), quando Flávio Bolsonaro declarou que sua pré-candidatura é “irreversível”. A fala reacendeu incertezas entre operadores e analistas, contribuindo para nova queda do Ibovespa, que recuava 1,24% às 11h45, alcançando 156.221 pontos.
O cenário de fragmentação na direita, avaliam agentes financeiros, tende a favorecer o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ampliando a percepção de imprevisibilidade eleitoral e pressionando, mais uma vez, os ativos domésticos.
Fluxo do mês fica negativo
Com a fuga registrada na sexta-feira, o saldo estrangeiro em dezembro acumula saídas de R$ 1,7 bilhão. Apesar disso, o fluxo anual permanece positivo, somando R$ 25,6 bilhões, indicando que, embora o capital internacional mantenha interesse na Bolsa brasileira, a sensibilidade a movimentos políticos segue elevada.
