Ibovespa bate novo recorde e supera 161 mil pontos pela primeira vez na história
O pregão foi endossado pelo cenário externo, principalmente expectativas relacionadas aos próximos passos do banco central dos Estados Unidos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, 2 Dez (Reuters) - O Ibovespa renovou máximas históricas nesta terça-feira, ultrapassando os 161 mil pontos pela primeira vez, em pregão endossado pelo cenário externo, principalmente expectativas relacionadas aos próximos passos do banco central dos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,56%, a 161.092,25 pontos, na máxima do dia, renovando recordes de fechamento e intradia. Na mínima do pregão, marcou 158.611,50 pontos. O volume financeiro somou R$24,55 bilhões.
Na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, a performance do Ibovespa está relacionada a expectativas de novo corte da taxa de juros norte-americana na próxima semana, e o rali mais recente não finaliza um possível ciclo de alta para os próximos meses do Ibovespa.
"Se analisarmos o comportamento médio do Ibovespa após a pandemia, percebemos que a bolsa ficou por muito tempo lateralizada... Esse 'sprint' de alta que nós temos agora, basicamente poderíamos considerar como um movimento de correção do Ibovespa", acrescentou.
Em 2020, o Ibovespa fechou o ano a 119.017,24 pontos. Em 2024, a 120.283,40 pontos. Em 2025, até o momento, registrou perdas no acumulado mensal apenas em fevereiro e julho, contabilizando no ano até o momento uma valorização de 33,9%.
"O Ibovespa está andando tudo aquilo que não andou nos outros anos depois do pós-pandemia", afirmou.
De acordo com o estrategista de investimentos Bruno Perri, economista-chefe e sócio da Forum Investimentos, o silêncio do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre política monetária em evento na véspera bastou para a manutenção das apostas de novo afrouxamento da taxa básica de juros nos EUA.
No final da tarde, conforme a ferramenta FedWatch, da CME, os contratos futuros de juros nos EUA precificavam perto de 90% de probabilidade de o Fed cortar juros em 0,25 ponto percentual na próxima semana.
Em paralelo, acrescentou Perri, a produção industrial no Brasil em outubro teve desempenho bem aquém do esperado e reforçou percepção de desaceleração da atividade econômica, colaborando para o fechamento das curvas de juros domésticas e impulsionando o Ibovespa.
A sessão ainda contou com telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no qual trataram sobre tarifas comerciais e combate ao crime organizado, em uma conversa que durou cerca de 40 minutos e que foi "muito produtiva", segundo nota do Palácio do Planalto.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2,23%, em pregão positivo entre os bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN fechando em alta de 1,07%, BANCO DO BRASIL ON subindo 1,63%, SANTANDER BRASIL UNIT ganhando 2,62% e BTG PACTUAL UNIT valorizando-se 2,81%.
- VALE ON subiu 0,82%, em pregão com evento da mineradora e investidores em Londres, bem como a divulgação de previsões de produção para os próximos anos. A Vale também anunciou acordo entre sua subsidiária Vale Base Metals e a Glencore para potencial desenvolvimento de cobre no Canadá.
- PETROBRAS PN encerrou com acréscimo de 0,69%, mesmo em meio ao declínio do petróleo no exterior, onde o barril do Brent cedeu 1,14%. PETROBRAS ON terminou com elevação de 0,54%.
- GRUPO ULTRA ON avançou 3,33%, após o conselho de administração da companhia aprovar distribuição de dividendos intermediários no valor de R$1,08 bilhão.
- SABESP ON subiu 2,97%, tendo no radar autorização da agência reguladora Arsesp para a companhia de saneamento aplicar reajuste médio de 6,5% nas tarifas vigentes aos usuários, a partir de 1 de janeiro de 2026.
- TIM ON caiu 0,74%, no segundo pregão seguido de queda. Analistas do Itaú BBA chamaram a atenção para dados da Anatel, conhecidos na segunda-feira, que consideraram negativos para a TIM, uma vez que mostraram desaceleração das adições líquidas no pós-pago e aceleração nas desconexões do pré-pago. TELEFÔNICA BRASIL ON subiu 0,78%.
- VAMOS ON fechou em alta de 6,46%, endossada pelo alívio na curva de DI, assim como LOCALIZA ON, que subiu 4,74%. No mesmo contexto, CVC BRASIL ON valorizou-se 6,63%, apoiada ainda pelo declínio do dólar em relação ao real.



