Indústria lidera pedidos de crédito do BNDES após tarifaço dos EUA
O banco público aprovou cerca de 10% do crédito disponível para empresas afetadas pelo tarifaço
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou pouco mais de R$ 4,9 bilhões em empréstimos para companhias impactadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos, o que representa cerca de 10% do total de R$ 40 bilhões disponíveis na linha emergencial. Os dados foram divulgados pelo próprio banco público.
O programa foi lançado para mitigar os efeitos da sobretaxa de 50% aplicada por Washington sobre uma série de produtos brasileiros desde o início de agosto. A iniciativa do governo federal começou a operar em 18 de setembro, com o objetivo de socorrer exportadores atingidos pela política comercial da gestão do presidente norte-americano Donald Trump.
Até o momento, foram analisadas 448 solicitações, das quais 357 resultaram em operações aprovadas — o equivalente a 63% do valor total requisitado.
De acordo com o BNDES, o tempo de análise da linha emergencial tem sido menor que o padrão de 60 dias, mas o banco reconhece que a demanda pode chegar a R$ 14,5 bilhões. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que “a determinação do presidente Lula é preservar os empregos e fomentar o desenvolvimento de novos mercados para as exportações prejudicadas”.
Indústria lidera pedidos de crédito
A indústria de transformação concentra a maior parte dos empréstimos, com R$ 4,18 bilhões aprovados. O agronegócio recebeu R$ 336 milhões, o comércio e serviços R$ 308 milhões e a indústria extrativa R$ 127 milhões. Entre os estados mais beneficiados estão São Paulo (R$ 1,115 bilhão), Rio Grande do Sul (R$ 800 milhões) e Paraná (R$ 658 milhões).
Ainda assim, 38,2% dos valores foram destinados a micro, pequenas e médias empresas, enquanto as grandes companhias ficaram com 61,8%. O governo aportou R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), e o BNDES acrescentou mais R$ 10 bilhões em recursos próprios. O crédito é destinado a empresas que comprovem que ao menos 5% de seu faturamento bruto vem das exportações para os EUA.
Expectativa por avanço político
A expectativa agora recai sobre a reunião entre os presidentes Lula e Trump, prevista para domingo, na Malásia. O encontro deve tratar das sobretaxas e da reaproximação comercial entre os dois países. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, 35,9% das exportações brasileiras aos EUA foram afetadas pelas medidas protecionistas, com impacto direto sobre setores como café, carnes e pescados.



