Preços ao produtor recuam 0,48% em outubro, diz IBGE
Os preços da indústria brasileira caíram pela 9ª vez consecutiva
247 - Os preços da indústria brasileira voltaram a cair em outubro, marcando a nona retração consecutiva e ampliando o movimento de desaceleração observado ao longo de 2025. Os dados fazem parte do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo IBGE, que mede a variação dos preços “na porta de fábrica”, sem considerar impostos ou fretes.
De acordo com o IBGE, a indústria registrou queda de 0,48% em relação a setembro, quando o recuo havia sido de 0,24%. No acumulado de 12 meses, a retração chegou a 1,82%, enquanto no ano a taxa ficou em -4,33%.
O levantamento aponta que 11 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações negativas na comparação mensal. Os recuos mais intensos ocorreram em outros produtos químicos (-2,00%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-1,89%), metalurgia (-1,80%) e calçados e produtos de couro (-1,60%). O setor de alimentos teve papel decisivo no resultado geral, respondendo sozinho por -0,36 ponto percentual do índice.
Alexandre Brandão, gerente de análise e metodologia do IPP, explica que o setor alimentício foi determinante para a forte queda no acumulado do ano. Segundo ele, “é o setor alimentício que mais influencia o resultado. Da variação de -4,33%, -2,43 p.p. são explicados pelo movimento de preços dos alimentos”. Brandão destaca que a valorização do real nos primeiros meses do ano — apesar da leve depreciação registrada entre setembro e outubro — e o período de safra de cana-de-açúcar, soja e arroz exerceram impacto significativo nos preços.
O pesquisador lembra ainda que outros segmentos também pressionaram negativamente os resultados anuais. “Os outros três setores que mais influenciaram o resultado no ano também tiveram impacto negativo nos preços: indústrias extrativas, metalurgia e refino de petróleo”, afirmou, mencionando fatores como oscilações no preço internacional do petróleo e do minério de ferro.
Entre setembro e outubro, o setor de alimentos registrou queda de 1,47%, acumulando seis meses consecutivos de retração. Um dos principais itens responsáveis pela redução foi o açúcar VHP, cujo preço acompanha o período de safra da cana. Brandão também ressalta a influência da maior captação de leite nas bacias leiteiras e da queda no preço da carne bovina. “Impactam ainda negativamente [...] os preços de leite e carnes bovinas frescas, o primeiro pela maior captação [...]. No caso da carne bovina, a justificativa das empresas oscilou entre uma menor demanda e a aplicação de descontos pontuais”, explicou.
O setor de outros produtos químicos, que recuou 2,00%, registrou a variação mais acentuada do IPP e apresentou a segunda maior influência negativa no mês, reflexo do peso relevante dessa atividade no cálculo total. Em sentido contrário, a metalurgia teve alta de 1,80%, seu segundo resultado positivo seguido após um longo período de quedas entre janeiro e agosto.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital tiveram leve alta de 0,19%, enquanto bens intermediários (-0,65%) e bens de consumo (-0,38%) recuaram. No grupo de bens de consumo, os duráveis subiram 0,06%, enquanto os semiduráveis e não duráveis caíram 0,46%. As principais influências vieram dos bens intermediários, que contribuíram com -0,35 ponto percentual, seguidos pelos bens de consumo (-0,14 p.p.).
O IPP acompanha mensalmente mais de 6 mil preços coletados em cerca de 2.100 empresas, sendo um indicador essencial para observar tendências inflacionárias e avaliar o comportamento dos custos industriais no país. A próxima divulgação, referente aos dados de novembro, está prevista para 16 de janeiro.



