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      Wall Street reduz projeções para o mercado acionário em meio à instabilidade gerada por tarifas de Trump

      Analistas alertam para o risco de recessão e destacam que ações do presidente dos EUA provocaram um dos piores choques de mercado dos últimos anos

      Placa de Wall Street (Foto: Reuters/Andrew Kelly)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – De acordo com reportagem publicada pelo Financial Times, os maiores bancos de Wall Street vêm rebaixando suas projeções para o índice S&P 500 diante do temor crescente quanto aos impactos da política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reeleito para um segundo mandato em 2025. A recente decisão do mandatário de impor uma tarifa básica de 10% sobre a maioria das importações e a introdução de tarifas “recíprocas” mais elevadas acenderam o alerta entre investidores e provocaram instabilidade nos mercados.

      Pelo menos dez instituições financeiras de peso — entre elas, J.P. Morgan, Bank of America (BofA) e Evercore ISI — revisaram para baixo suas estimativas para o desempenho do principal índice acionário norte-americano. As novas previsões refletem o impacto direto das medidas protecionistas adotadas pelo governo republicano, que, apesar de posteriormente suspender algumas das tarifas e isentar produtos como smartphones, geraram desconfiança quanto à previsibilidade da política econômica.

      Mercado em queda e temores de recessão

      Desde o anúncio inicial das tarifas, feito em 2 de abril, o S&P 500 acumula uma queda de mais de 7%, em um ambiente marcado por forte volatilidade. Desde o pico registrado em 19 de fevereiro, a retração chega a 14%. Mesmo com a expectativa de alguma recuperação — a projeção média atual indica um fechamento de 2025 em 6.012 pontos — o avanço esperado representa apenas 2% no ano, em contraste com as altas de mais de 20% observadas em 2023 e 2024.

      “O sentimento de equilíbrio que marcou o início do ano deu lugar a uma incerteza absoluta”, avaliou o analista Scott Chronert, do Citigroup. Em relatório, Chronert advertiu que o atual movimento de queda pode configurar “o primeiro mercado de baixa especificamente desencadeado por ações de um presidente dos EUA”.

      Projeções revisadas e alertas de analistas

      O Citigroup agora espera que o índice feche o ano em 5.800 pontos, bem abaixo da previsão anterior de 6.500. A estimativa de lucro por ação para 2025 também foi reduzida, de US$ 270 para US$ 255, enquanto a média do mercado gira em torno de US$ 262, segundo dados da Bloomberg.

      Já o J.P. Morgan cortou sua projeção de 6.500 para 5.200 pontos, prevendo apenas um alívio parcial nas tarifas impostas. Em relatório, a instituição destacou que “esse choque do ‘dia da libertação’ ocorreu em um momento em que a avaliação estava elevada, o posicionamento era excessivo e a liderança do mercado era particularmente concentrada.”

      Entre os mais pessimistas, Peter Berezin, da BCA Research, mantém a previsão mais baixa entre os analistas consultados: 4.450 pontos até o fim do ano — o que significaria uma retração de 15% frente aos níveis atuais. “Existe muito pensamento de manada em Wall Street,” declarou Berezin, que já havia advertido no início de março que uma recessão nos Estados Unidos poderia começar nos três meses seguintes.

      Mudança de tom marca o cenário econômico de 2025

      A guinada no discurso de Wall Street é emblemática. No início do ano, os mercados celebravam a continuidade do governo republicano e as promessas de desregulamentação e corte de impostos, que impulsionariam os lucros corporativos. No entanto, a virada protecionista de Trump, que parece ter tomado de surpresa até os aliados do setor financeiro, alterou as expectativas e passou a alimentar preocupações sobre uma possível recessão.

      O novo cenário aponta para uma desaceleração do crescimento econômico, o que comprometeria os ganhos de empresas listadas em bolsa e poderia abalar ainda mais a confiança dos investidores. O tom mais cauteloso dos bancos e analistas indica que 2025 será um ano de incertezas para os mercados globais — com foco crescente no impacto direto das decisões políticas de Washington.

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