"Estamos assistindo à queda do 'Império Romano' em tempo real", diz Nicolelis

247 - Em entrevista ao programa Giro das Onze, da TV 247, o neurocientista Miguel Nicolelis afirmou que os Estados Unidos vivem um processo de decadência comparável ao colapso do Império Romano. Para ele, o país enfrenta uma crise estrutural marcada pelo avanço da desinformação, pelo declínio da política tradicional e pela concentração de poder nas mãos de grandes corporações de tecnologia.

“É como se você estivesse observando a queda do Império Romano em tempo real”, declarou. “As contradições do capitalismo americano dentro do próprio país atingiram um nível tal que ele vai causar desemprego, inflação e distúrbios sociais.”

Nicolelis apontou a cultura de celebridades e a proliferação de desinformação como elementos centrais da crise americana. Segundo ele, desde a introdução da televisão nos anos 1950, os Estados Unidos foram expostos a um processo de "imbecilização" da sociedade. “O povo americano foi exposto ao maior processo de infecção viral informacional da história”, afirmou. “A internet colocou o último prego no caixão, espalhando toda a sorte de teorias da conspiração.”

O cientista criticou duramente a atuação de Donald Trump e Elon Musk nesse cenário. Ele afirmou que Trump, além de ser um "produto da indústria do entretenimento", não tem controle total sobre seu próprio governo. “Trump não tem a menor ideia do que está assinando. Ele tem que perguntar para alguém que entrega os papéis. Ele adora o show porque ele é um showman.”

Sobre Musk, Nicolelis destacou que o bilionário se aproveita do caos informacional para expandir sua influência. “Ele comprou o Twitter não para ganhar dinheiro, mas para criar uma plataforma de transmissão de vírus informacionais.” O cientista também citou investigações da mídia americana que indicam que Musk teria mentido em seu processo de naturalização. “Isso é um crime seríssimo nos Estados Unidos”, destacou.

Nicolelis ainda mencionou que Trump e seus aliados adotam uma estratégia inspirada na chamada "doutrina do choque", que consiste em inundar a população com decisões controversas e rápidas para dificultar qualquer reação organizada. “O que está acontecendo neste momento é uma implosão. Eles estão jogando um absurdo atrás do outro para desviar o foco da opinião pública”, afirmou.

O neurocientista concluiu a entrevista alertando para o impacto desse cenário na geopolítica mundial. Para ele, o colapso americano pode gerar instabilidade global, afetando economias e relações internacionais. “O que estamos vendo é uma mudança estrutural no mundo. E ninguém sabe exatamente como será o dia seguinte.” Assista: