“Extrema-direita vive de trair o povo e bajular o imperialismo”, diz Radde
Deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) anuncia missão à Espanha para debater políticas de desradicalização e combate ao discurso de ódio
247 - O deputado estadual Leonel Radde concedeu entrevista ao programa Bom Dia 247, em que detalha sua agenda internacional e o papel que atribui à extrema-direita no Brasil e no mundo. No pronunciamento, ele denuncia uma aliança entre movimentos conservadores radicais e a influência de potências estrangeiras.
Radde anunciou que embarcará para Madrid no domingo, onde participará de reuniões com parlamentares do Partido Socialista Obrero Español e outras entidades europeias com o objetivo de conhecer políticas de desradicalização. Ele citou que “a luta antifascista é uma luta internacional” e afirmou que o Brasil enfrenta uma etapa decisiva nessa disputa.
“A extrema-direita vive de trair o povo e bajular o imperialismo”, afirmou Radde ao destacar que muitos grupos se apresentam como defensores da soberania nacional, mas se aliam a interesses externos ou abandonam causas sociais fundamentais.
Durante a conversa, o parlamentar relacionou movimentos conservadores brasileiros a práticas de manipulação de informação e propaganda via redes sociais — onde, segundo ele, há concentração de discurso de ódio, fake news e silenciamento de vozes opositoras. Ele explicou que, na Europa, iniciativas como distribuição de camisetas com mensagens ocultas após lavagem e rodas de diálogo em escolas são usadas como métodos de prevenção à radicalização.
Radde detalhou que propôs um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul focado no estudo e na avaliação da circulação de fake news nas escolas:
“Se nós não tivermos uma educação nesse sentido, e isso fica muito difícil, depois que a pessoa está radicalizada, ela vai para uma lógica de viés de confirmação.”
Ele também defendeu que a pauta de segurança pública deve ser assumida pela esquerda de forma “menos acadêmica”; apontou que o campo progressista precisa mostrar propostas concretas e tangíveis, não apenas diálogo institucional.
No âmbito local, o deputado criticou a privatização de serviços públicos em Porto Alegre — citando em especial a entrega do departamento municipal de água e esgotos à iniciativa privada — e associou esse tipo de medida ao avanço da lógica da extrema-direita, que, segundo ele, “silencia e elimina o campo de oposição e de diálogo”.
“Para mim, o fascismo ele está introjetado nas pessoas. Então existem pessoas que estão imbuídas desse sentimento e vão atuar dessa forma, independente de quem seja a liderança”, declarou Radde, ao refletir sobre o futuro da mobilização democrática no Brasil.
Leonel Radde também vincula as adversidades enfrentadas pelas associações de cannabis terapêutica no Rio Grande do Sul a um viés de privilégios e controle estatal restritivo, situando essa pauta dentro de sua visão ampliada de direitos humanos em disputa.
O deputado enfatizou que, com as eleições de 2026 se aproximando, será necessário “muito foco e estratégia”, pois acredita que não se trata apenas de disputa eleitoral, mas de uma correlação de forças que pode definir a solidez das instituições democráticas brasileiras.
Em resumo, a entrevista projeta uma atuação política que articula o local e o global: ao mesmo tempo em que Radde combate o que define como retrocessos no Brasil, ele busca trazer modelos europeus de enfrentamento à radicalização — em especial educacionais e de engajamento social — com vistas a mitigar o avanço da extrema-direita no país. Assista:


