‘Extrema direita teme o isolamento', diz Lindbergh sobre Flávio Bolsonaro pedir ataque dos EUA ao Brasil
'Pela primeira vez na história, um senador defende ataque de estrangeiros ao Brasil. Às vésperas do encontro entre Lula e Trump', criticou o petista
247 - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), denunciou a gravidade do pedido feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que solicitou aos Estados Unidos o envio de forças norte-americanas ao Brasil, com o suposto objetivo de combater o tráfico de drogas.
“Pela primeira vez na história, um senador da República, Flávio Bolsonaro, defende que uma potência estrangeira realize um ataque militar ao próprio país, pedindo que os EUA bombardeiem embarcações na Baía de Guanabara sob o falso pretexto de combater o narcotráfico”, escreveu o petista na rede social X.
De acordo com o parlamentar, os integrantes da extrema direita pediram ataque dos EUA ao Brasil “justamente agora, às vésperas do encontro entre Lula e Trump, porque temem o isolamento internacional da extrema direita e o fortalecimento de um Brasil soberano, respeitado e líder no diálogo democrático global”.
“É o mesmo modus operandi da extrema-direita: espalhar mentiras para atentar contra a soberania nacional e tentar desestabilizar o país do ponto de vista político-econômico”.
Críticas a Eduardo
Na mesma postagem, o deputado Lindbergh Farias criticou as articulações feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com os EUA, para aplicar sanções ao Brasil por causa do inquérito da trama golpista contra Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.
“O Brasil está sob ataque da família Bolsonaro, numa escalada de golpe continuado que agora busca legitimar uma intervenção estrangeira contra o nosso país. Tudo começou com a defesa de sanções internacionais, revogação de vistos de autoridades brasileiras, aplicação da Lei Magnitsky e até a imposição de tarifas econômicas. Eduardo Bolsonaro já havia pedido que porta-aviões americanos atracassem no Lago Paranoá”, afirmou.
“O deputado Eduardo Bolsonaro, que teve o processo de cassação arquivado sumariamente no Conselho de Ética, afirmou que o Brasil tem ligações com o tráfico de drogas e o terrorismo, uma mentira grotesca para tentar justificar uma intervenção militar estrangeira”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, em 22 de setembro, uma denúncia contra o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo o órgão, o parlamentar teria mantido contatos com representantes do governo norte-americano com o objetivo de exercer pressão econômica sobre o Brasil em razão das investigações relacionadas à tentativa de golpe atribuída a Jair Bolsonaro.
EUA e a América do Sul
Os recentes ataques a navios nas regiões do Pacífico e do Caribe próximas à América do Sul integram uma operação promovida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais de 30 pessoas morreram em pouco mais de um mês.
Nesta sexta (24), um ataque dos EUA contra um suposto navio com drogas deixou algumas pessoas mortas, informou o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth. O presidente Trump confirmou que as operações militares contra supostos cartéis de drogas entrarão em uma nova fase terrestre.
Washington anunciou o envio de tropas militares para o Caribe, próximo à América do Sul, sob a justificativa de combater o narcoterrorismo. Como parte dessa iniciativa, o governo norte-americano ofereceu uma recompensa de até US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 270 milhões) por informações que possam resultar na captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O presidente Trump determinou que a CIA e o Pentágono adotassem ações mais rigorosas em relação ao governo venezuelano. O presidente venezuelano anunciou que o país ativou integralmente seu plano de defesa diante das “ameaças” dos Estados Unidos.
No mesmo contexto, o presidente dos Estados Unidos acusou o chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro, de envolvimento com o narcotráfico e suspendeu o pagamento de subsídios destinados à Colômbia.
Petro rejeitou as acusações e declarou que as alegações norte-americanas teriam sido motivadas pela recusa de seu governo em apoiar uma possível ofensiva militar contra a Venezuela.
Sanções
No caso do Brasil, o presidente Trump havia citado o inquérito como base para aplicar sanções econômicas contra o Brasil, incluindo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos e a suspensão dos vistos de ministros do STF para entrada em território norte-americano.
As sanções foram oficializadas por meio de decreto assinado em 30 de julho, antes da condenação de Bolsonaro, que ocorreu em 11 de setembro, com pena fixada em 27 anos de prisão.



