“Sem investimentos em ciência, seremos reféns do atraso”, diz Nicolelis
Cientista enfatizou a urgência de a sociedade brasileira perceber o valor do conhecimento para superar crises econômicas e sociais
247 – Em entrevista concedida ao jornalista Gustavo Conde, no programa Giro das 11, da TV 247, o neurocientista Miguel Nicolelis alertou para a importância estratégica da educação científica no Brasil. Além de abordar o clima de instabilidade política observado nos Estados Unidos, ele ressaltou a necessidade urgente de fortalecer políticas públicas que amparem a pesquisa e a formação de novos cientistas no país.
Durante a conversa, Nicolelis descreveu como projetos de educação científica desenvolvidos no Nordeste, especialmente em Natal, transformaram a vida de milhares de estudantes da rede pública. “Nós chegamos a ter 1.500 alunos no contraturno escolar, em atividades focadas em ciência. Se não tivermos um projeto robusto de educação, seremos reféns do atraso”, advertiu o pesquisador. Segundo ele, esses programas tiveram impacto significativo na motivação dos jovens, ao apresentar experimentos avançados e incentivar o pensamento crítico.
Apesar do otimismo em relação ao potencial brasileiro, o neurocientista lamentou a falta de continuidade dessas iniciativas, muitas vezes impedidas por cortes de verba e ausência de planejamento de longo prazo. Na avaliação de Nicolelis, o aumento do negacionismo agrava ainda mais esse cenário, pois dissemina dúvidas infundadas sobre o valor das pesquisas científicas. “A era da pós-verdade banaliza o conhecimento. A ciência virou alvo, em vez de ser reconhecida como pilar essencial para o desenvolvimento do país”, disse.
Contraste com a China
Nicolelis também comparou o cenário nacional com experiências internacionais. Ele mencionou a efervescência científica em nações como a China, que investem maciçamente em tecnologia e atraem pesquisadores de todo o mundo, ao passo que os Estados Unidos, segundo ele, sofrem um processo de “autodestruição” política. “A gente vê gigantes da pesquisa saindo de lá por insegurança e falta de perspectiva. Não podemos deixar que o mesmo clima de desvalorização da ciência e da educação se instale de vez no Brasil”, ressaltou.
Ao fim da entrevista, o cientista enfatizou a urgência de a sociedade brasileira perceber o valor do conhecimento para superar crises econômicas e sociais. Para ele, o caminho passa por apoiar e criar espaços de pesquisa em instituições públicas, garantindo a formação de jovens cientistas. “É um esforço conjunto que exige compromisso de todos. A ciência brasileira tem condições de brilhar, mas, sem investimento e continuidade, viramos reféns do atraso”, concluiu. Assista:
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