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A caça aos seres humanos deve ser interrompida

O setor agrícola é o principal alvo

Baldemar Velásquez (Foto: Giorgio Trucchi)

Por Giorgio Trucchi, 247 - Desde que Donald Trump iniciou seu segundo mandato presidencial, uma verdadeira caçada foi desencadeada contra seres humanos cujo crime é terem deixado seu país de origem, quase sempre devido à falta de oportunidades ou à fuga da violência, em busca de melhores condições de vida.

Baldemar Velásquez, ativista trabalhista estadunidense, cofundador e presidente do Comitê Organizador do Trabalho Agrícola (AFL-CIO)¹, é membro suplente do Comitê Executivo da UITA para a América do Norte. Conversamos com ele sobre a delicada situação dos migrantes nos Estados Unidos.

“A trajetória do presidente Trump é muito clara para nós. Seu principal objetivo é desmantelar os sindicatos e precarizar ainda mais o trabalho, especialmente no setor agrícola”, disse Velásquez ao jornal La Rel.

“Ele nega acordos de negociação coletiva no setor público, deporta imigrantes sem documentos e traz trabalhadores temporários com vistos H-2A², privando-os dos poucos direitos que possuem. Na prática, ele quer um exército de escravos”, afirmou.

Migração e política externa dos EUA

O membro do Grupo Profissional de Trabalhadores Agrícolas (GPTA) da UITA também explicou que a AFL-CIO se opõe não apenas às deportações em massa, mas também exige uma reforma migratória e anistia para legalizar imigrantes indocumentados.

Algo semelhante –continua Velásquez– à lei promulgada pelo presidente Reagan, em 1986 (Lei de Reforma e Controle da Imigração – IRCA) para garantir um status “legal” a cerca de 3 milhões de pessoas que chegaram ao país antes de 1982.

“As pessoas vêm para os Estados Unidos não apenas em busca de um futuro melhor, mas porque são forçadas pelas próprias políticas implementadas por nossos governos em relação aos países do sul”, afirmou o líder sindical.

Velásquez explicou que também estão exigindo que as futuras contratações no setor agrícola garantam a liberdade de associação e a negociação coletiva, bem como a eliminação dos contratantes autônomos.

“Tudo isso precisa mudar, e o Congresso deve tomar medidas para impedir que os contratantes se tornem empregadores”, disse ele.

“Além disso”, continuou ele, “queremos garantir que as pessoas que vêm trabalhar não sejam obrigadas a deixar o país assim que a colheita para a qual foram contratadas terminar, mas que possam se mudar para outra fazenda, sob as mesmas condições contratuais, onde um tipo diferente de produto seja colhido”.

Violação de direitos, estigmatização e violência

O experiente líder sindical condenou a repressão do governo contra os migrantes.

“Essa violação de direitos, estigmatização e violência não podem continuar. Devemos pôr um fim a tudo isso e propor alternativas”, declarou ele.

Em Toledo, Ohio, cidade onde Velásquez reside, um bom nível de organização e cooperação foi alcançado entre o sindicato, o governo municipal e a polícia.

“Estabelecemos códigos de conduta sobre questões de imigração e eles estão funcionando. Queremos replicá-los em outros locais onde temos filiais. Também vamos lançar uma grande campanha nacional sobre a reforma da imigração”, concluiu.

Notas:

¹ O Comitê Organizador do Trabalho Agrícola (The Farm Labor Organizing Committee - FLOC, na sigla em inglês) é um sindicato que representa trabalhadores agrícolas migrantes nos Estados Unidos, especialmente no Centro-Oeste e na Carolina do Norte. ² O visto H-2A permite que empregadores estadunidenses contratem trabalhadores estrangeiros para empregos agrícolas temporários ou sazonais.[Publicado originalmente em espanhol em https://www.rel-uita.org/estados-unidos/hay-que-parar-la-caceria-de-seres-humanos/. Tradução para o português disponível no mesmo link.

Revisão do português: Rose Lima].